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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Tons dissonantes

"Mas esse jogo é para ser jogado por dois afinal!"

Tinha falado aqui sequer sem pensar. Só podia. Andara lendo as coisas erradas, não é mesmo? Mal podia entender qual realmente era o seu papel, ali. Pagaria o preço por trazer tais concepções àquele quarto?

Um estalo forte. A vara fina parecera inofensiva, até aquele primeiro golpe. Teu suspiro cheio de surpresa e medo, mesmo abafado. O corpo balançava-se à frente, na fútil reação de tentar escapar. O bambu cortava o ar uma segunda vez, agora trocando de coxa. Era quase uma agulha, de tão fina a dor. O frio da pele nua deixando de ser, no calor daqueles golpes. Agora já quatro deles. Lados alternados.

O silêncio entre uma música e outra é ensurdecedor... mas não pior do que o que precede cada golpe. Agora um piano... seu corpo por um momento sentindo a música, antes de ouvi-la... a primeira frase te cortando a mente: "What do you do when you know something's bad for you... and you still can't let go?" O próximo estalo sobe, pela sua perna, ameaçador... consegue sentir a venda umedecendo de sua dor. SUa respiração quer falhar.

Um puxão aos seus cabelos e os dedos enluvados soltam-lhe a mordaça, deixando que ela escorra para fora de sua boca, toda ansiedade, dor e saliva...

- ... dói...


Por um momento, apenas a canção. Apenas minha respiração profunda... seus lábios ainda tão úmidos da mordaça, como se deixassem escorrer tua vontade... o couro negro que lhe acerta uma nádega é o da luva, agora. A mão pesada, em outra punição, a pele esquentando mais... percebe quando me inclino à sua orelha e digo, ainda mais baixo.

- Não é assim que se fala com seu Senhor, cadela. Você continua distraída. Pensa apenas na dor e não lembra como se portar. Enquanto for assim, será só isso: uma puta submissa.

O silêncio te oprime novamente, o som ficando mudo... Minha respiração calma demais. A próxima música traz pouco alento à tua dor... demora a tentar ouvir o que ela diz. A mente na frase "Is your faith in me?"

- Agora, como é que se fala com um Dom, vadia? - Por um momento, sei que você deseja que eu pelo menos aumentasse a voz. Gritasse com você... qualquer reação.

- Perdão, Mestre...

A luva de couro te marca de novo, vermelha... sua reação trazendo a lembrança dos nós aos pulsos... seus braços erguidos, acima das costas... a corda passada a uma viga de madeira, no teto, que sequer range ao seu sofrimento.

- Você quer ser mais que isso? Quer ser minha? - Novamente os lábios tão perto de seu ouvido... as palavras deixando minha boca na respiração cálida, q te lambe a face... que se parece tanto com o calor que lateja em suas coxas... em suas nádegas expostas aos meus caprichos.

- Dói! Mas sinto prazer, Mestre. Por favor, Mestre. - É você quem quase grita, alheia ao meu sorriso de satisfação. Sua respiração tenta retomar o controle, aos poucos.

- Quase isso, cadela... 

Novamente o puxão forte aos cabelos, antes a cabeça inclinando-se para trás, seu corpo arqueando contra as amarras que te mantêm de pé no meio do quarto escuro... meus dedos soltam a venda de seus olhos, deslizando a seda pelo rosto. Uma gravata, você se lembra. Usara minha gravata, pra te vendar, assim que entramos no quarto.

Seus olhos brigam contra a pouca luz do lugar e tens o sobressalto. Meu rosto bem à frente do seu... demora a lembrar-se de que não pode me olhar nos olhos e, por um momento, fecha os seus, como se isso fosse mais rápido do que desviá-los.

- Boa menina... agora, como é que se fala? Não seja uma vadia ingrata.

- Obrigada Mestre. Usa-me da maneira que melhor lhe agrada Mestre. Eu... eu quero mais...

Observo teu olhar baixo, tremendo pelo chão como se buscasse qualquer outro foco e sorrio.

- Ainda pode ter utilidade, pra mim, mas muito a aprender. - Me levanto... Você percebe q ainda não tirei o terno. As luvas, o tique de firmá-las às mãos, deixando o som do couro enervá-la. Sua cabeça baixa deixa o olhar fugir por seu corpo. Ali, nu, emoldurado por teus cachos castanhos... Os seios firmes, ainda intocados. Por um momento, se lembra da dor dos pregadores aos mamilos e estremece. - Anseia pela dor, submissa? Para merecer meu prazer? - Como se não disposto a esperar sua resposta, meus dedos lhe abrem a coxas, tocando seu sexo... O couro abrindo os lábios, em algo que em nada seriam caricias... levo-os, melados, até seus lábios. - Sente o cheiro, puta? Seu sexo ama essa dor.

- Mestre, tira as luvas. Por favor Estou muito excitada agora, consuma o que está aqui ao seu dispor.

Como se quase por instinto, um tapa lhe atinge o rosto. O calor dele te toma, por um instante, e em seguida apenas a sensação resta... Sem marcas ao rosto, você sabe que não sou tão descuidado. Me agacho, bem à sua frente, e a ordem soa clara. - Olhe em meus olhos, puta submissa... - O rosto bem à frente do seu, na mesma altura. As pernas flexionadas... Vejo tuas lágrimas e sorrio. Os dedos de couro agarrando seus mamilos, você percebe onde iam tarde demais e gela. Contém o impulso fútil de tentar tirar o corpo. Aperto-os firmemente, a dor aguda te levando a respirar fundo, antes de um misto de grito e gemido. - E você acha que merece meu toque, puta? - Torcendo, puxando com firmeza. - Então implore! Sofra para merecer que eu tire as luvas, cadela, implore por mais dor. - Seu corpo balançando contra as amarras, você aperta os olhos, a dor te tomando em ondas. Minha voz, uma ordem incisiva. - Te mandei me olhar nos olhos, escrava!

- Quero senti-lo dentro de mim, Mestre! - Os olhos ainda fechados, um suspiro profundo e resignado, os lábios mordidos. A voz baixa, fraca... - Olha... acho que não sirvo pra ser escrava, Senhor.

Em meio a suas palavras, minhas mãos deixam seu corpo e me ergo, começando a tirar as luvas. - Acha?

- Mestre, eu tô aqui cheia de tesão. Quero que me possua agora. Me açoita, me morde. Mas mete. Bate. Mas depois me beija. De maneira forte. Urgente. Mas eu não aguento mais. Te quero dentro. Pulsando. Me agradecendo pelo quanto fui obediente até aqui. - O olhar era de súplica, mas ardendo de desejo, ousando buscar o meu. Uma mão puxando a corda, em um movimento rápido, você mal vendo quando a outra tira do bolso do paletó a faca, cortando a amarra que começava a folgar-lhe ao redor dos pulsos.

- Se você acha que eu deveria lhe agradecer por tua obediência, está repleta de razão. Eu estava errado em chamá-la de puta submissa, antes. Você não é submissa. - Rindo baixo, guardo a faca, enquanto você se ajoelha ao chão.

- Mas sou sua puta, agora. Quero prazer... quero seu prazer.

Sorrio. - Teu erro estava claro assim que começamos, menina. Esse jogo não é para ser jogado por dois. A mesa é minha. A banca sempre vence.

- Obrigada, Mestre.

- Você anda lendo as coisas erradas.