Bem-vindos à nova dimensão... seqüenciador de sonhos online.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Devorar… *suspiros de prazer*

 

 

Mergulhando insano…
eu na sede do teu calor.
Boca, fome do teu suor.
Entregue ao anseio.


Sou pele na sua pele,
lábios nos suspiros,
dedos em seu corpo.
Tesão em transe.

 

 

 

Desire, de *AbidingDaRules no deviantART.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Post mortem… *conta o espírito à balsa*

- A gente tá morto, lembra?

Era realmente estúpido reclamar do frio… mas que ele sentia, sentia. A caminhada de pés descalços pelos longos corredores de pedra daquele desfiladeiro era muito pior do q parecia, no começo. Luiz sentia que não fazia muita diferença, carne ou espírito. Os pés doíam igual, a caminhada cansava… só não sabia mais precisar a passagem do tempo, mas isso ele até achava bom.

- Saudade, sabe? Nunca imaginei que dava pra sentir saudade dos sapatos, caminhando… mas qualquer sola, confortável ou não, seria melhor que descalço assim.

- Sabe… morrer podia ser uma experiência diferente, mas até aqui você tá do meu lado… e parece que morto, ficou mais chato. – A voz dela trazia aquele jeito ferino. Reclamava, mas ainda era ela também a mesma pessoa de antes.

Os dois não lembravam de muita coisa, mas tocando o próprio corpo sentiam exatamente onde o sangue teria escorrido. Lanhos à pele, buracos aqui e ali. De vez em quando ele cedia a um impulso mais masoquista e deixava os dedos explorarem a ferida mais profunda de todas, indo descobrir o próprio coração, perfurado e inerte. Suspiraria exasperado, a cada uma dessas vezes, mas não fazia sentido suspirar quando ele sequer respirava.

- Eu acho… que eu tava dirigindo. – A essas palavras, os dois pararam e ela olhou-o de um jeito ambíguo. – Amor… acho que eu bati com o carro. – Ele falava em um tom de confissão e culpa. – Desculpa…

- Não precisa pedir desculpas, então… – E abriu seu sorriso mais sacana – Acho que agora saquei uma coisa e sei porque você bateu. A culpa foi minha…. não era você quem dizia que eu ainda morreria pela boca? – E falando isso, começou a rir e apontou para as calças dele.

- Nossa, eu nem tinha notado a braguilha aberta. Quem diria… rigor mortis. – E começou a rir, junto a ela.

- Eu nunca resisti a você de terno, mesmo.

 The Raiorin Chasm, de *TheEchoDragon no deviantART.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Casulo *pendurado sobre as chamas*

Já fui criança. Corria o mundo como se nada pudesse me alcançar e saltava alturas como se os braços abertos me ajudassem a voar. Foi assim que conheci o ardido do mertiolate e o vermelho do mercúrio cromo. Foi assim que conheci a prisão do gesso, em suas diversas formas, mas também descobri que meu corpo podia se cuidar, com a ajuda certa. E assim, já tive a impressão de que era invencível.

Já fui adolescente. Enfrentava o mundo como se nada pudesse me satisfazer e percorria as sombras como quem cumpre alguma grande missão. Fui o protagonista de mil dramas e centenas de aventuras, desejando um dia que fosse eu naqueles holofotes do cinema. Ia perdendo as certezas e ganhando cada pedaço de chão, onde deixar cair os cacos de uma dúzia de corações partidos. Com papel e caneta, montava mosaicos deles e achava tamanha estupidez linda e sublime. E assim, já tive a certeza de ser mártir.

Já fui perdido. Me desfiz de pedaços errados e encaixei o que dava no lugar. Me esfacelei, reconstruí, melhorei e aprendi. Já odiei espelhos e ganhei sei lá quantos sete anos de azar. De vez em quando, escorregava pela vida só pra maré levar. Nadei pra morrer em muita praia, mas sempre em alguma nova ilha. Quem estava lá, não sei. Em algumas se tinha quem, não encontrei. E ali, tive a angústia de estar só.

Já fui número. Maior quê, menor quê, igual, diferente. Derivei de mim mesmo em equações de incontáveis graus. Fui meu próprio majorante para porcentagens absurdas de sei lá quantos exercícios. Não encontrei botões o suficiente em calculadora alguma, pra ajudar a me calcular, então fiquei com uma de camelô, que apertando soava “pi”, só porque era menorzinha e cabia no bolso. E então, tive a audácia de ser ímpar.

Entre todos os meus heróis, tenho certeza que fui muito melhor como um vilão. Aprendi com meus vôos a queda, com meus delírios, algo perto da sanidade. Nunca descobri, no entanto, o que é ser grande nem se isso me traria qualquer significado. De tantos tombos, levantei-me alguns centímetros mais alto e só. Quando parei pra perguntar, me falaram que crescer era caber numa caixa menor do q eu era. Perder pedaços, pra poder entrar ali e ficar daquela mesma altura. E assim, já tive medo de ser eu.

E se algum dia tive tempo, só sei que hoje tenho pressa. Correndo pra tentar saltar e ser eu, de novo.

 Faery Chrysalis, de =Alterren no deviantART.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Convite *clama o bufão*

[clique no convite para ver a imagem no tamanho original]

Frodo_Fiat_Web

“Não seriam anjos e demônios peões de mesmo valor, separados apenas pelo lado do tabuleiro?”

Capa-Frodo_frente_Web