Bem-vindos à nova dimensão... seqüenciador de sonhos online.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Visões do mundo *no espelho d'água*

Contemplem o que fora do Palácio vem falar-lhes do mundo.

Saiu esse final de semana o número 32 do fanzine Elefante Bu, com uma contribuição deste Troll que vos fala, uma crônica chamada Lebre Branca:

http://elefantebu.poraki.com.br/

Curtam uma excelente leitura, não deixando de checar todas as matérias. Recomendo especial atenção para "Resgate à leitura", "Como as formigas" e "Deus e o diabo", que estão muito boas.

Uma ótima semana e um grande abraço.

sexta-feira, 28 de março de 2008

*os tambores tocam* (vide barra lateral)

Artista: AYREON

CD: INTO THE ELECTRIC CASTLE: A SPACE OPERA - disco 2

Faixa: 01 - THE GARDEN OF EMOTIONS

Contemplem! As altas torres do Castelo Elétrico! Vejam como abraçam o céu! A insignificância dos meros mortais, exacerbados pela majestade desta edificação elétrica! Mas antes, meus sete inquiridores, vocês devem enveredar por entre as vinhas verdejantes do Jardim das Emoções. Sucumbir ao seu encanto. Respirar fundo o aroma intoxicante de emoções eternas, enraizadas…

a) No jardim das emoções

HIPPIE:
É bem legal
Neste mundo de fantasia
Onde ninguém mais pode chegar
Dentro destas fronteiras
Estou protegido da realidade
Sem qualquer preocupação ou mágoa

EGÍPCIA:
Amon-ra, você veio selar meu destino?
No jardim das emoções
Liberte meu ka, quanto mais devo esperar?
No jardim das emoções

HIPPIE:
Eu perambulo pelo universo
Em meditação cósmica
Procurando meu eu interior
Estou ficando doidão de amor
Vibrações espirituais
Para libertar o karma ruim

EGÍPCIA:
Amon-ra, você veio selar meu destino?
No jardim das emoções
Liberte meu ka, quanto mais devo esperar?
No jardim das emoções

b) Vozes no céu

ROMANO: Peguem as armas e sigam-me
BÁRBARO: Ei, quem é você para tomar a liderança?
ROMANO: Eu vou salvá-los do perigo
BÁRBARO: Então que tipo de deus você acha que é?
ROMANO: Um guerreiro, é o que sou
BÁRBARO: Não, eu sou um lobo e você é mera ovelha
ROMANO: Se você questionar minha força, não vai mais viver
BÁRBARO: Você terminará sua guerra sobre minha espada

ÍNDIA
“e vozes no céu
farão a alma morrer”

ROMANO: Vamos nos separar ao meu comando
BÁRBARO: Não, vamos esmagar o inimigo e subjugar esta terra
ROMANO: Você não pode matar o que já está morto
BÁRBARO: Quem me desafiar perderá a cabeça
ROMANO: Você arriscará todas nossas preciosas vidas
BÁRBARO: Bem, eu não ligo, vou sobreviver
ROMANO: Eu sou o único que pode nos libertar
BÁRBARO: Vá caçar seu fantasma e me deixe em paz

ÍNDIA
“e vozes no céu
farão a alma morrer”

 c) O fator agressividade

ÍNDIA/HOMEM DO FUTURO/CAVALEIRO
Fúria e medo/Deve estar se alimentando/Corajoso e ousado
de nossas emoções negativas/sem pena e insensível
destino está próximo/estamos à mercê de/valoroso e leal
alguma maligna/traiçoeiro e cruel
espíritos aparecem/maquinação eletrônica/corajoso e ousado
teremos que tentar esconder/sem pena e insensível
a lenda está aqui/nossas noções antagônicas/valoroso e leal
se queremos acabar com/traiçoeiro e cruel
este sonho futurista

ÍNDIA/HOMEM DO FUTURO/CAVALEIRO
Fúria e medo/Temos que libertar nossas/Corajoso e ousado
mentes do ódio e da/sem pena e insensível
destino está próximo/agressividade/valoroso e leal
é o único meio de desafiar/traiçoeiro e cruel
espíritos aparecem/esta máquina insensível/corajoso e ousado
se vamos nos levantar contra/sem pena e insensível
a lenda está aqui/esta opressão emocional/valoroso e leal
é melhor ficarmos/traiçoeiro e cruel
unidos como uma equipe

EGÍPCIA:
Amon-ra, você veio selar meu destino?
No jardim das emoções

quarta-feira, 26 de março de 2008

*murmúrios indefinidos*

Deus criou a ironia e tornou o homem livre para lidar com ela.

O homem matou Deus e criou a justiça poética.

E todos viveram felizes para sempre...

segunda-feira, 24 de março de 2008

haikai XI *geme o homem de camisa de força*

o mundo é isso
que hoje eu leio nos jornais
prefiro sonhar

terça-feira, 18 de março de 2008

Presente. *à voz de Espírito, à luz da fogueira*

- Não vai doer?

Ele olhava-a, ali, ajoelhado perante a moça que trazia aquele sorriso encorajador que poderia condenar um homem às conseqüências dos atos mais impensados. Por trás daqueles cabelos que se confundiam entre o castanho escuro e um ruivo como cobre, estavam os olhos de mel que o haviam levado até ali, em uma estranha devoção. Em um amor que compartilhavam e que unia-os bem mais do que poderiam ter imaginado.

- Não. Só um calafrio. Mas é gostoso...

Os olhares dos dois mantinham-se atados, como se não pudessem se desviar, ainda, e aquilo a mantinha parada, ali, vendo-o ajoelhado e tão entregue às suas palavras. O rapaz por vezes crispava os lábios, engolindo fundo o seu temor, em meio à ansiedade.

- Vai... faz logo......... eu te amo.

Fechava os olhos, deixando a cabeça pender para a frente, ajoelhado onde estava, sentado sobre os calcanhares, respirando fundo. Ela rodeava-o, observando as costas nuas do rapaz, admirando sua pele tão alva e amando-o ainda mais por tamanha confiança. Sabia o quanto ele podia temer aquele momento, mas ela sabia o que precisava fazer.

Abaixava-se, atrás dele, e as pontas de seus dedos delicadamente deslizavam pela pele exposta. Fazendo-o sentir arrepios e suspirar, com aquelas carícias. Ele sorria, ainda de olhos fechados, em meio a curtos tremores de prazer. Mas então prendia a respiração, quando as mãos dela lhe encostavam as palmas às omoplatas. Um toque não tão suave, mas quente.

- Estão aqui... esperando...

Ela mesma respirava fundo, agora, as palmas ainda firmemente sobre as omoplatas do rapaz , começando a fechar os dedos. Ele franzia o cenho, sentindo aquela força aumentar, aguardando a onda de dor que lhe percorreria o corpo. Os dedos começavam a cravar-se à pele, rasgando-a, abrindo-a.

Não havia dor... a boca se abria em um impulso, inspirando fundo, intensamente, como se há muito tivesse a cabeça sob a água. Podia sentir como aqueles dedos lhe arrancavam a pele, enquanto ela sentia o pouco sangue que deixava aquelas feridas.

- Eu te amo.

A moça murmurava, pouco antes de quase cair pra trás com o abrir repentino das asas agora libertas. Resplandeciam, brancas, projetando-se para o céu, e ao corpo dele havia uma sensação sem igual, de liberdade. Sangue ainda escorria por aquelas penas, que haviam terminado de rasgar sua prisão de carne.

Ele ofegava, ainda na mesma posição, respirando fundo, com um sorriso novo, diferente, aos lábios e os olhos ainda fechados... ela abraçava-o por trás. Firmemente. Lágrimas corriam pela face  e as asas dela envolviam os dois. Sussurrava baixinho.

- Bem-vindo... Estrela da Manhã.

- ...... não foi só um calafrio.

 

An_angels_death_by_LiliththeSilent 

.:: imagem de ~LiliththeSilent

domingo, 16 de março de 2008

Olhos à caixa... *murmúrios do Rei*

Entre os muitos tesouros do Palácio, há uma caixa. Essa, que algum dia alguém já ouvira que jamais deveria ser aberta. Que repousa entre as relíquias da história.

pandora's box

Quando Prometeu roubou o fogo (conhecimento) dos deuses, Zeus, em sua fúria, ordenou que Efesto criasse uma mulher em especial, como parte de sua punição aos homens. Esta foi abençoada com muitos dons, pelos senhores do Olimpo, e ofertada em casamento a Epimeteu. Prometeu lhe avisara que não aceitasse mais qualquer presente de Zeus, prevendo a fúria do deus, mas seu irmão ignorou tais palavras e desposou a mulher.

Mas ela trazia consigo um vaso... um jarro que Zeus lhe dera e avisara que jamais deveria ser aberto. E entre os dons que ela recebera dos deuses, estava a curiosidade. Ali dentro, haviam todos os males da humanidade: a inveja, a ganância, a preguiça, as mentiras... mas também havia a esperança. Foi fruto desta curiosidade o abrir do jarro que espalhou tais sentimentos pelo mundo. Menos um.

Em seu esforço, a mulher que viera ao mundo como punição aos homens conseguiu resguardar, dentro do vaso, a esperança. Mantendo-a a salvo.

Data do século XVI a primeira tradução que transformou jarro em caixa, quando o mito foi traduzido para o Latim e pithos se tornou pyxis. É esta caixa que hoje repousa entre os tesouros do Palácio, trazida pela tão bela Rainha que aqui agora habita. E, como Zeus uma vez fizera, ela avisou a seu Rei Troll que não a abrisse. Pois ali havia tamanho mal, toda a enganação, tantas mentiras e grande malícia.

É ouvindo ainda o bater dos tambores que o Troll deixa-a de volta entre seus tesouros... fechando a tampa e os olhos. Com o ar tão sério... meditando sobre a luz da esperança que ali reside. Desejando que os deuses não lhe ouvessem dado a curiosidade. Mas jamais renegando Pandora.

sábado, 15 de março de 2008

Guardiões III *recém-escrito, em páginas de pergaminho*

- Onde é que estamos, afinal? - Espírito olhava em volta, vendo um lugar tão belo, arborizado, verde, mas de certa forma também tão artificial.

- Ele ainda não havia descoberto você, quando costumava vir a esse lugar, brincar. À época, esse pequeno parque era um mundo, para o Criador. Era certamente mais belo, também, mas talvez porque eu só o via pelos olhos Dele.

Angelique sorria, respirando fundo, como se aquele ambiente de certa forma a renovasse, e ela sabia que assim o era porque renovava ao homem que andava por ali. Trazia a pasta à mão esquerda, trajava sapatos pretos, de couro que muitos diriam que não poderiam andar sobre aquela lama. Garoava, naquela tarde, e o Guia e a Guardiã acompanhavam-no em uma caminhada incomum. A camisa úmida do q poderia ser suor, além da chuva, e a gravata frouxa ao colarinho.

- Ele está pensativo. Mas eufórico. A mente se perdendo no findar de uma semana cheia, intensa... acho que precisava disso, não? Mas de todos os dias, porquê hoje? - Angelique indagava-se, enquanto suas asas balançavam-se um pouco, espantando a água das penas prateadas.

- E porquê não? Parece uma tarde boa como qualquer outra. E sua alma clama por algum contato natural, menos que seja. Quer algo mais natural q ser criança correndo em meio às árvores, sobre a grama? - Espírito caminhava ao lado dela, não se incomodando com as mechas grossas do cabelo negro, que lhe grudavam à testa, molhadas. - Ele caminha, pela trilha de terra, pedra e cimento. Mas sua mente corre por esse gramado, uma vez mais. Como quando não precisaria se preocupar com chuva, lama, arranhões... este é ele, realmente. De quando conversava com você a cada noite.

- Tem razão... mas vc precisava ver como esse lugar era lindo, numa tarde de domingo! É um bairro cheio de cantos antigos, que transpiram história. E aqui é um desses cantos. Aposto q ele vai subir o parque todo e seguir para casa pela rua antiga, de paralelepípedos. - Angelique ria, contente, e Espírito olhava-a, de soslaio, suspirando. Sabia, porque o Criador sabia, que agora a velha rua margeava uma favela de surgimento recente.

- E você vai deixá-lo, não? Belo anjo da guarda...

-Deixa de ser chato! Não vê que ele está sonhando? Que sonha com o dia que trará ela aqui, para conhecer as trilhas de sua infância? Deixa... ele merece não se preocupar, um pouco.

Os dois seguiam-no, de longe, vendo que ao invés de terminar a subida do parque pelas escadas, decidira tomar impulso e correr pela grama. A água e a lama levantando atrás de seus pés, ameaçando-lhe a calça social e os sapatos, mas não chegando a sujá-los. Um sorriso ao rosto... Angelique e Espírito riam.

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Guardiões I

Guardiões II

domingo, 9 de março de 2008

O suspiro profundo, antes do mergulho *sibilando ao vento*

Ele cavalgava rápido, forçando sua montaria praticamente à exaustão. Não tinha escolha, não podia parar, ainda que a tempestade tornasse o galope cada vez mais difícil e perigoso. Sussurrava algumas palavras à língua da floresta, para manter o cavalo sob controle, para atiçar-lhe com a urgência que precisava correr por aquelas planícies. Agiam como um, no saltar e desviar dos obstáculos que lhes surgiam à frente e nem a mata alta ou os piores declives podia fazê-los desacelerar.

Aeglos era um elfo da fronteira sul da Floresta Negra e vivera já seus primeiros séculos. Lutou na guerra contra o mal inominável, não muitos anos antes, e agora sentia seu coração e seu sangue gelarem tanto quanto àqueles tempos sombrios, em que seu lar quase fora tomado pela magia obscura. Os longos cabelos negros, a pele não tão pálida quanto a dos Altos Elfos, as feições um pouco mais angulares e não tão andróginas. À cintura, o batedor trazia sua lâmina curta, à mão direita, a lança. Às costas, o arco com a bela corda trançada batendo contra a sela, naquele galope urgente.

Durante toda a noite, ainda que se forçasse a não parar, podia sempre ouvir os galopes atrás de si, ecoando pelas árvores e soando pelo campo aberto. E ele sabia que seu animal não agüentaria tal ritmo por muito mais tempo. Morreria de exaustão, por seu cavaleiro, mas não pararia. E àquela noite, nas bordas de um bosque esparso, Aeglos precisara parar ou sabia que não amanheceriam dando mais um passo sequer.

O vento uivava em meio às folhas e apesar de sentir-se bem, entre aquelas árvores, ele tinha o descanso interrompido por sons que não saberia dizer se realmente ouvira. As sombras naquele lugar se moviam, tornadas quase como invisíveis pela lua nova. Ele arrepiava-se e alcançava a lâmina curta à bainha, mas sua visão aguçada nada conseguia encontrar.

O soprar daquela brisa gélida trazendo um cheiro novo, em meio à floresta, e Aeglos finalmente descobria em que direção olhar, quando já era quase tarde demais. Aquele ser negro como as sombras, em suas vestes rôtas e seu respirar sibilado já se aproximava tão rapidamente que o cavalo praticamente saltou de pé, ao mesmo tempo que cada poro do corpo do elfo reagia. Era um dos Nove, e trazia a lâmina já desembainhada.

Seus pés na corrida desabalada e ainda podia ouvir os sons do animal que debatia-se, agonizando desde o golpe daquela sombra. Os silvos e aqueles gritos agudos que arranhavam-lhe os ossos, ecoando por cada pedra daquele lugar. A ferida ao braço, latejando de uma forma canhestra. Aeglos tentara se defender do primeiro golpe, apenas para perceber que lutar não era uma opção.

Precisava alcançá-los. Precisava dizer a alguém... o Andarilho Cinzento precisaria saber. Os Nove caminhavam pela Terra Média.

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Taí, eu nunca havia escrito uma fanfic (conto baseado em uma obra famosa, escrito por um fã), mas estava vendo O Senhor dos Anéis na televisão a cabo e bateu a vontade. Espero q curtam.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Histeria *sussurrado por Angelique*

Ela caminhava, e caminhava só. Veja bem, não se sentia só, por mais que não houvesse ninguém a seu lado. Ela apenas estava e, ainda assim, não estaria enquanto não pensasse que pudesse estar. A verdade é que jamais se veria só, verdadeiramente.

Caminhavam com ela os quatro elementos, pois era a detentora da sabedoria e da força primordial da vida. Caminhava com ela toda sua raça, pois era ela a perpetuadora de sua espécie. E assim ela seguia, pelos anos, a cada passo.

Tudo aquilo pelo que passava era novo e belo, e aqueles que por ventura escolhiam acompanhá-la, faziam-no por poucos metros, por alguns passos. Talvez alguns poucos dias. Mas mesmo quando a deixavam novamente à trilha - que era dela, apenas - ela sabia que jamais estaria sozinha.

Era bela, renovada, nobre e tinha uma maneira tão única e sua de caminhar como quem resvala pela vida, sem enfrentamentos. Era única em sua força singular, que parecia elevá-la acima dos problemas e percalços. Seguia resoluta, imbatível e austera, porque era bela, era mãe, era e é mulher.

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Para aqueles que venham reclamar do título, a escolha se deu apenas porque a palavra "histeria" vem de "útero", e eu já acho isso por si só um tanto absurdo e degradante às mulheres, portanto decidi chamar atenção ao fato.

Fica a minha homenagem antecipada ao Dia Internacional da Mulher, 08 de março. Aqueles que me conhecem e são capazes de ver além do óbvio, sabem muito bem o quanto ajo em devoção a elas.

Parabéns por esse e todos os outros dias, que são seus em cada nascer, passar e morrer.

Me considero abençoado por ter ao meu lado uma mulher tão especial quanto minha amada Seanchaí. Obrigado, linda, por despertar em mim tanto que eu ousara deixar adormecer.

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Em uma outra nota, bem rápida, sou agora cronista colaborador em um excelente fanzine online de cultura Geek, o Elefante Bu:

http://elefantebu.poraki.com.br/

Dêem uma conferida, que a edição de março está muito boa, para se ler de cabo a rabo.