Bem-vindos à nova dimensão... seqüenciador de sonhos online.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Ave... *à lareira*

Queimava. Sim, aquele fruto da flecha de Eros deixava-se arder com uma intensidade tão grande que saíra de controle e agora era como se essa o consumisse. Tolo que é o amor, não percebeu que crescia desordenado e agora tentara englobar o mundo, e por isso seu próprio calor o fazia gritar, dentro daquele peito, sentindo-se desfazer como se o lamber das chamas o corroesse. Sentia que poderia perder-se em cinzas e isso o apavorou. O menor sopro, depois, e se perderia no vento.

Estúpido amor, perdido à ânsia de abraçar o mundo, quis ser tudo, quis tornar-se único àquele coração e agora ardia, cauterizando a certeza de que jamais seria tão grande assim. Da queda ao chão, o grito derradeiro, já sem asas para abrir e voar, sentia o cheiro da própria morte tomar-lhe as narinas... a mão estendida... os dedos se contorcendo. Queria de novo morder daquela maça, provar daquele beijo de sol, do beijo de chuva... ali, sentia-se desfazer nas cinzas.

Toda a angústia se abateu, quando não passava daquele montinho enegrecido, que em nada lembrava o sentimento que já fôra. Não havia mais dor, como não havia mais nervos ou mesmo coração, para senti-la. Não havia mais dor, como não havia mais peso. Quis chorar sem ter olhos ou lágrimas, e então sentiu o que se aproximava. Fosse o vento, fosse o sopro, estaria para sempre perdido, espalhado, e esse pensamento trouxe-lhe novo terror, como somente a massa do nada, da inexistência, poderia trazer. Ali, a um passo do mundo perdido do eterno ébano. Esquecimento. No fundo, sabia que o merecia. Que seu tolo egoísmo precisava ter um preço. Sempre tivera a certeza de não poder ser dono daquilo que cobiçara demais.

Não era o vento... duas mãos vinham juntar toda a fuligem, a poeira, a dor. Vinham proteger aquele ardido sentimento, contra o sopro, amontoando pedaços, fibras e grãos em um pequeno montinho, cuidadosamente.

- Eu tbm quero isso, seu bobo. Te bastar. É tão egoísta.

Àqueles sussurros, um sopro tão diferente o viera despertar. E ali, entre aquelas mãos, surgia a chama renovada. Daquelas cinzas, erguia-se algo que aquele peito até então desconhecera, na tolice de crer que tudo já compreendia. Respirava fundo, como se de volta ao primeiro inspirar de vida. Renovara-se até mesmo de antigas marcas. Ali levantando-se para enfim abrir os olhos e romper limites tantos.


The Phoenix, de ~Suirebit, no deviantART.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Feliz... *despencando do trenó*

Meu presente de natal sangra. É um fato. Fui olhar na sacola e lá no fundo tem algo que ainda não deram, que ninguém ganhou. Em meio a tantos pedaços de carvão, algo sangra, pulsando marcas, feridas e cicatrizes, derramando-se pela fuligem. Aguardando, talvez, alguma criança má. Escorre vermelho forte, cheira a ferro e coagula em linhas e palavras, aqui. Meu presente de natal é belo, em sua dor, e se mostra vivo pelo tempo, se faz presente em suspiros, bate as lembranças de mais um ano.

Como ficou esquecido tanto tempo? Por quantos natais estava ali, no fundo, preterido a presentes e embrulhos belos e cheios de carinho? Não importa, realmente. Pulsando assim, mostrou-se uma vez mais, empurrando o negrume para os lados. Sujo, enegrecido,  mas recusando-se a permanecer dormente. Fiz pra ele um embrulho modesto, amassado aqui e ali, sinto que cortei pouco desse papel prateado discreto, mas não me importa. E mesmo envolto, sob a árvore ele vaza sujeira e as hemáceas, cansadas de tantos dias correndo por sob a pele.

Admito, não o imaginava tão grande, muito menos tão marcado e calejado. As batidas que o tempo cicatrizou ainda por vezes saltam aos olhos e parecem tão canhestras. Mas meu presente de natal decidiu pulsar justo agora. Vem carregado de uma nova energia, de sorrisos, de ansiedade. Vem bater adolescente, na expectativa só possível à ingenuidade que há muito desconhecia, de crer em sonhos uma vez mais. Traz em si a esperança infantil, a impulsividade, a promessa de um viver intenso, na única forma de ser pleno.

Meu presente de natal é de comer, devorar, cravar presas, grande demais para essa minha ceia.

Divide comigo?

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BOAS FESTAS, do Palácio Elétrico.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Sonha o Troll *do poço amaldiçoado de memes*

O Fabio me passou um meme/maldição, mas mais do q isso, um desafio. Eu teria de escrever sobre 8 sonhos meus, mas me avisou q eu - especificamente - NÃO poderia falar de sexo. Sim, tive q me obrigar a pensar em sonhos menores e mais mundanos, mas vamos lá.

1) Terminar e publicar meu romance ufanista pós-apocalíptico de conscientização ambiental (complexo, não?);

2) Meu canto, minha casa, um santuário fora do mundo para me esconder com quem amo;

3) Conhecer o Japão, a China, a Índia, a Grécia, o Egito e os lençóis maranhenses (rs);

4) Trabalhar como dublador (esse não vou realizar, certamente, dado que precisaria de uma licença de ator) ou radialista;

5) Europa, América do Sul e um terceiro continente à escolha (sempre a Oceania, povo). Sim, eu quero dominar o mundo;

6) Nunca ficar velho e chato (The name's Pan, Peter Pan);

7) Encontrar a pergunta cuja resposta é 42 (ou seja, nunca deixar meu lado geek morrer de vez);

8) Ser alguma diferença na vida daqueles que a são na minha. Tocar as pessoas de uma forma duradoura ou para um breve sorriso que seja, mas deixar algo de mim nelas. Sanar o mundo, um olhar por vez, cultivando sonhos por vezes tão podados, mas que sempre puderam ser regados por um simples gesto de encorajamento. Ser, eu mesmo, o sonho de alguém especial, que sabe que está nos meus, a cada segundo. Cumprir uma vida plena, à qual a liberdade é o único caminho, mas ser livre, ter as asas abertas ao lado de quem compreende esse vôo meu. Hoje nosso.

 
Strawberry dream, de ~BlackGlamour no deviantART.

Meus “Convocados”:
Vou me obrigar a crer que eu tenha oito leitores e que estes se interessarão em fazer. Eu não passo maldições adiante. Mas quem decidir fazê-lo, comente aqui, q vou adorar ler.

Regras do Meme:
- Escrever uma lista com 8 coisas que sonhamos fazer;
- Convidar 8 parceiros(as) de blogs amigos para responder ;
- Comentar no blog de quem nos convidou;
- Comentar no blog dos nossos(as) convidados(as), para que saibam da “convocação”;
- Mencionar as regras.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Hina-nagashi *flutuando rio abaixo*

Era um boneco de corda, como vários outros. Havia pedido para não ser títere e assim fora se livrando dos fios do mundo, ainda que jamais de todos. Agora, mantinha suas engrenagens rodando sob chaves bem específicas. Dormia para enrolar as molas das pernas, dos braços. Acordava para enrolar as da mente, que no sonhar iam sempre se soltando demais. Eram cordas longas de se dar, mas ele achava tempo para todas elas. Todas menos uma.

De vez em quando, no espelho, aquela pequena fresta lhe chamava a atenção. Deslizava os dedos de resina e metal pela placa desgastada do peito e sentia aquele encaixe hexagonal, vazio, não maior que a ponta do mindinho, como se esperando algo. Ali já houvera dor, mas sem qualquer chave para dar corda, era apenas um vazio. Todo o resto funcionava, o boneco não precisava de mais do que isso, para existir e seguir seu caminho. Mas às vezes aquele vazio virava falta e ele nem sabia de quê, exatamente.

Mais jovem, havia aquela chave, bem ali, e todos os dias era como se dar corda no peito desse conta de todo o resto. Corria, sentindo aquela mola imensa impulsionando tudo, uma liberdade de não ter que ficar parando para enrolar só braços ou pernas. Mas era mais que isso, também. Ele já nem lembrava, mas seus olhos ganhavam uma luz peculiar. E por trás dessa, via um mundo de cores mais vibrantes, de momentos verdadeiros. Também não lembrava que por vezes essa mesma luz o ofuscara.

***

Ela era linda. Gozava intensamente, da mesma estranha liberdade, tinha as feições esculpidas em algum âmbar tão polido e macio, um alabastro com todos os seus pequenos veios, e ainda assim perfeito. Eram os dois de corda. Com ela, o boneco descobrira como era ter quem mais girasse aquela chave. Além dos prazeres, do desenrolar de molas de ambos os lados, havia o cuidado de apertar-lhe o peito, de alimentar aquela liberdade. E ele, talvez tolo, quis crer que havia algo a ser feito. Trocado. E assim ela, tão tola quanto, viu-o tirar aquela peça de seu encaixe e tirou a dela. Trocaram chaves, em uma promessa.

Por muito tempo, os dois se cuidaram e cultivaram aquela promessa, um com a chave do outro, buscavam-se e deixavam-se apertar o peito um do outro. Era uma carícia, algo que compartilhavam, muito além dos olhares e das palavras. Era algo q tinham apenas um com o outro, ninguém mais podia girar aquela mola, pois cada um tomara do outro o meio. A liberdade ainda existia, giravam-se para seguirem cada um em suas batalhas, em seus afazeres, e se viam novamente ao fim de cada noite, ao enfraquecer daquela corda, e novamente acariciavam-se naquele ato tão natural aos dois.

Até que ele acordou sem encontrá-la. Sem saber o que teria acontecido. Ela se fôra. E com ela, sua chave. Desde então, ele de vez em quando tocava aquele encaixe, vazio. A chave que ela deixara não servia, rodava frouxa ali. Não era a dele. Até o momento que desistiu de tentar. Passou a dar corda em todo o resto. Não era em nada como lembrava-se de antes, nem como era com ela. O fazia não por ímpetos de uma liberdade ingênua, mas para continuar sendo. Aos poucos, descobrindo porque tantos aprendiam a viver desconfortáveis com as próprias engrenagens.

***

Assim, desistindo daquela mola, descobriu o que é crescer, realmente. Boneco de corda, invejava os títeres que moviam-se em seus fios, sem molas, mesmo que à mercê de vontades alheias.

Até ela, outra... até aquela chave que viera mover-lhe o peito, uma vez mais. Até reaprender um impulso sem limites. No encaixe perfeito das peças, os dois descobrindo um. Não eram as que lhes haviam roubado. Mas ali, pouco importava.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Às sombras *suspiros na noite*

Insanos.
Éramos dois, ali
num canto escuro do mundo.
Mas éramos muitos olhares,
toques, sabores, confissões.
Nos desfazíamos em mil coisas
naquela entrega sublime ao momento.

Do impulso incontido
veio seu corpo explodir em minhas mãos.
Mexia, entre a fuga e o desejo
seu cheiro, forte, me inebriando
seus suspiros vindo inchar-me o sexo.

De um olhar,
misto de ansiedade e desafio,
a mesma idéia tomando seus olhos.
Sem mais pudores, sem temores
encontramos as sombras,
fizemo-nas manto, cobrimos os corpos.

Minha, sim, minha completamente.
Você me engolindo, fazendo-me seu.
Na noite, ali,
o silêncio de gemidos abafados
eu respirava fundo, você me aquecia.
Na maciez da sua pele, cravei garras
você abrindo, invadida, violada.
Impalada por meu desejo,
preenchida por meu prazer.

Explode o sexo em branca entrega
tão belos ,seus gemidos contidos.
A parca luz te traz toda à tona
os dois provando esse prazer,
embalados na escuridão.

A noite chuvosa, deixando-se escorrer,
cúmplice do gozo.
Insana rendição.


Desire, de ~water-on-fire no deviantART.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Decisão *impulso, do alto do penhasco*

Ele não adentrava aquela floresta com a intensidade com qual costumaria correr, ao lado de alguém como ela. Não... ele caminhava com cuidado, sentindo que ali não tinha espaço para abrir suas asas completamente. De certa forma, achava que crescer tanto, nelas, poderia parecer um desrespeito ao local, às árvores que se avolumavam ao redor. Aquele lugar era delas. Delas e dela.

Seguia a figura à frente, por vezes se pegando em admirar aqueles cabelos avermelhados, ao reflexo da pouca luz de um céu cinzento, que vinha ter com a pele, por entre as folhas. Para estar ali, ele se desarmara, mas não se sentia desprotegido. Havia algo do olhar da bruxa que lhe mostrara não haver perigo. De alguma forma, ele já havia começado a sentir o que ela vinha lhe ensinar. A pele formigava por dias e o anjo jamais perdia a energia daqueles toques. Estranho. Pois quando estava à presença dela, percebia tão claramente que os dois trocavam fagulhas, pelo ar.

- Saudade?

Um sorriso despontava, contra a sua vontade, enquanto ele respirava fundo e olhava em volta, uma vez mais. Mas era aqui q ele se deixaria tocá-la de novo, então. Suas mãos ávidas buscavam aqueles cabelos e deslizavam toques pelo rosto macio. Aquela pele que, de tão gostosa, acolhia os dedos, e não o contrário. O beijo explodia entre os dois e tudo por um momento parava. Tenso, ele demorava a perceber... mas aquele lugar dava espaço às asas. Como se as ávores se tornassem tbm parte delas.

- Tentando se controlar, de novo?

Ela olhava-o com aquele ar inquisidor capaz de fazer alguém confessar crimes que nem tivesse cometido. Mas ele sorria de volta, resoluto, e olhava fundo naqueles olhos, q iam mudando, sultilmente. "Nem um pouco. Só percebendo. Aprendendo um pouco mais. Quero mais." Aquela ambição a agradava, ao menos era o que entendia daqueles olhos tão escuros. Mal sabia q a agradava pela naturalidade com a qual soava. Como se ele voltasse, para clamar o que já era seu.

- Então se solta, vai... vem comigo.

No novo abraço, era como se o mundo se curvasse a eles. O rosto dela, com um brilho novo, intenso, perfeito, enquanto tudo perdia a importância, no turbilhão de duas vidas que buscavam a plenitude do caos. Unidas, enfim. Os temores já superados, o assombro ainda parte de ambos. Naqueles movimentos, havia uma troca sutil de olhares, por vezes espantados, por vezes momentos de descoberta. Tudo explodia, não parava. Ser intenso não por um breve momento, mas por tantos e todos. Só voltava a si já deitado sobre aquele corpo que o aconchegava, perfeito.

- A gente precisa ir.

Todo o tempo pesou a imensidão de seus segundos, sobre ele, e o anjo respirou fundo, recolhendo as asas. Vendo a floresta perder forma, rendendo-se às paredes, ao concreto, granito e aço. "Sim, vamos."

O banho, a pele tentando ser só pele, de novo. Mas ela já tornara isso impossível.

 
Earth warrior, de ~VaLerka-Ru no deviantART.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Haikaipoemaprosa *insanos, dois*

Grandiosidade.
Quê espera o mundo de nós?

E isso importará?

Tolo, eu.

Não culpe o mundo por esperar isso de você
É verdade, pois está no brilho aos seus olhos
Está na força e intensidade de suas palavras
Além do primeiro segundo, muito fácil de ver.

Não tema jamais que eles lhe idealizem
Mas também não tema não estar à altura
Quem lhe vê que vem fazer essa escolha
Lhe ver pelo que é ou pelo que querem.

As suas expectativas serão apenas suas
Se exploda o mundo, por buscar a perfeição
Sempre se é perfeito nos braços que amam
Nesse encaixe de mente, olhar e corpos.

E por vezes se perco letrs
Se começo esquecer
faltarem palavrs
É pq hj
ou eu...

Respira, vai.

O fruto da tua desconstrução.
Pra reaprender contigo... da grandiosidade.

Fractal_art__No__86_by_electro_space
Fractal art No. 86, de ~electro-space, no deviantART.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Bênção *à morte de Jocasta*

Em que termos existir?
No que temos de ser.
No que querem nos ver.
Nessa inação do agir.
Vai, corre e pula.
Rala-te essa areia.
E nem liga, ao sorrir.
Não se preocupa?
Não se assusta?
Te ensino a ler.
Me ensina a ver?
Vendo você cresce.
...

Me cega?


++ Halls of Blind +++, de *Haliestra no deviantART.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Religare. *nos tremores das descobertas*

Ele saía do transe e a via, ali, observando-o com um olhar tão curioso. Havia sentado-se no cantinho, como se em respeito ao seu momento. Àquela meditação. Nada lhe perguntava, mas ele decidia, tolo, tentar explicar-se. "Retomando o controle. O equilíbrio. Precisava voltar a saber que meu corpo é meu e quem eu sou. Meditando."

- Medo de perder o controle?

A pergunta vinha com aquela pontada de alfinete, que só ela mesmo. "De não me achar de novo, depois."

- Medo de perder o controle.

Como afirmação, aquilo soava pior ainda. "E se eu me perco de vez?"

- Vc acha que precisa manter isso sob controle.

Era estranho... ela não o acusava de nada, mas ele se sentia acusado. Covarde, naquelas palavras. "E se eu te machuco?"

- Acha mesmo q eu libertaria isso de vc se eu não pudesse controlar?

Ele, ser mais idiota e ignorante do mundo. Ela o conhecia melhor do q ele mesmo. "Se eu esquecer tudo, pelo caminho..."

- Vc tem uma idéia errada, ainda.

O mais pretensioso e tolo dos homens. "Mas se eu esquecer, me ensina de novo?"

- Claro...

Finalmente descobria. Percebia que era verdade. Quando se olha para o abismo, ele fita vc de volta. Ainda conhece suas asas... mas por esse novo caminho, todo o resto ainda é arcano demais. Ser novamente vagante, só mais um pouco.

- Daqui, não tem volta.

Só então ele retomava o sorriso confiante. "Pra trás, eu já conheço de tudo."

Portal
Portal, de ~boyaka no deviantART.

Cova rasa *gravado à lápide*

O lugar era esplendoroso. Um verdadeiro símbolo de tamanha ostentação, em ouro e prata, ornamentado sob o trabalho de sabe Ele quantos pedreiros, marceneiros, artesãos e trabalhadores humildes. A nave gigantesca, à frente dos portões, coisa que me lembra cinemas antigos, as verdadeiras casas de espetáculos e entretenimento. Mas ali era bem mais solene. Nem um pouco sóbrio. Tudo com os tons da veneração que ao local era cabida.

Estavam ali, uma procissão de fé e dor - e me pergunto onde as duas se separam -, o terror de uma força à qual tantos se esforçariam em erigir aquelas paredes, funesta homenagem. Ali celebravam o medo, a miséria da existência, o pecado de viver. Ali, choravam o horror barroco de uma morte insepulta. Espiavam pela boca de um homem como se fosse janela, para saciar a curiosidade do que seria o céu, do quanto deveriam temer o inferno e quais as verdades do atormentador purgatório.

No auge de seus ritos macabros, canibalizam o Filho, todos provando uma mordida de sua carne enquanto seu líder lhe bebe o sangue, como se num ritual bárbaro para roubar a força de seus caídos. Constróem memórias de alguém que nunca existiu, provando que a morte é o maior dos perdões. A redenção dos erros terrenos. Suplício em pecado.


Cross, de ~cobaltglass no deviantART.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Bailando... *ao salão empoeirado*

Perdido, em meio aos acasos do mundo, um dia simplesmente deixei a chuva cair e comecei a dançar sob ela. As gotas pesadas do mundo finalmente correndo por sobre a pele, deslizando pelo tecido, pelos poros e pêlos, até o sujo chão de concreto duro. Confesso, não foi sozinho que aprendi a dançar. Acho que tal coisa seria impossível. Comecei tropeçando com quem também não sabia muito bem o que fazia e cada pisada era um suplício para ambos.

A verdade é que essa água pesa. Bate forte, tamborilando sobre a cabeça e os ombros, pesando às omoplatas e parecendo querer te fazer deitar. Mas um dia veio, como acho que a todos vem várias vezes na vida, uma vontade de tentar esquivar dessa precipitação, dançando. Foi tomando outras mãos e cinturas, pelo mundo, que eu decidi aprender. É tolo, eu sei... se nem guarda-chuva te mantém seco, com esse vento, fugir é inútil, mas no começo você tenta.

De mãos em mãos e toques em toques, aprendi que tem gente que não nasceu pra bailar comigo. Fato. Se essa dança é mesmo um construto, então há com quem não dê vontade de construir. Com quem você ensaia meia dúzia de passos, dois-pra-lá-dois-pra-cá, tum-tchi-bum-tá e nada. Alguns calos doloridos depois, a chuva está só mais pesada porque fica duro andar direito. Mas jamais me arrependi, realmente, de tentar.

Do mesmo jeito, tem quem dance certinho com você. É a naturalidade, a verdade em cada passo e um deslizar sincero. A pista te aceita, as gotas também. É como se junto àquele corpo, o mundo te deixasse ser leve, pra variar um pouco. Gente que te inspira, te ergue, acorda novos olhos e olhares. É aprender a realmente dançar, flutuando pelo salão que inunda de vida, problemas e ocorrências. A andar por cima dessas águas.

Mas sabe? Tem quem vá além. Quem te ensine que você nem precisava estar dançando, mas se vai fazê-lo, que seja por prazer, não fuga. As mãos que te guiam e se deixam guiar, alternando nos momentos certos. Fazem crescer até que o mundo seja um salão pequeno demais. Mas também entendem que às vezes é preciso diminuir. Caber. Respeitando a dor dos seus calos e o fato de que de vez em quando é bom dançar sobre os sonhos, mas (já disse Yeats) eles são frágeis e por vezes são tudo o que temos.

Até quem acha que não sabe ou não gosta de dançar de vez em quando se vê trilhando passos e valsinhas nessa pista. E nessas horas, é bom contar com certos mimos do universo e dançar por prazer. Quanto à chuva? Conhece beijo melhor do que o regado pelas nuvens?

we_dance___by_scarlet_dragonchild
we dance, de ~scarlet-dragonchild, no deviantART.

Ao meu mimo do universo. À mais deliciosa dança.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

101 coisas sobre o Troll *no espelho*

Pq a vida tem dessas e eu não curto memes, tenho recebido cada vez mais deles. Assim, pra ver se as pessoas desistem, vim logo responder o maior e mais chato de ler, de todos. *gargalhada diabólica* Isso deu trabalho... e com certeza me traumatizou o suficiente para eu ficar muito tempo sem responder mais nenhum.

001 - Gosto de calculadoras que apitam... é como eu sei q apertei o botão.
002 - Guardo meu dinheiro na carteira todo ordenado, todas as notas na mesma direção e com a carinha voltada pra fora.
003 - Me sinto nu quando saio na rua e esqueço o celular.
004 - Tenho uma caneca de estimação, para o meu café. Ela é verde e ai de quem beber nela.
005 - Quebrei minha caneca de estimação, uma vez, e fiquei magoado por isso. Mas achei outra igualzinha, no dia seguinte, em uma lojinha.
006 - Gosto de dirigir mas não suporto buzina.
007 - Amo trabalhar. É patológico, eu sei...
009 - Tenho PAVOR de aranhas. Grito feito menininha.
010 - Sou um pervertido 80% do tempo... pq é preciso dormir os outros 20%.
011 - Muitas vezes tenho sonhos pervertidos, ao dormir.
012 - Que me perdoem as frígidas, mas sexo é fundamental.
013 - Fui o primeiro Dominador carioca a fazer uma cena pública com facas, em uma festa sadomasô (be afraid, be VERY afraid).
014 - Falando de sexo, gosto de Toddynho.
015 - Já fui muito vaidoso com os meus cabelos.
016 - Sou muito vaidoso com a minha barba.
017 - Esse olho aí à direita é meu mesmo. Sou vaidoso com meus olhos.
018 - Posso ir do mais egocêntrico ao fundo frio da comiseração pelas coisas mais idiotas.
019 - Posso ser ciumento... mas é algo que ninguém quer ver. Garanto.
020 - Sou uma pessoa muito paciente pra muitas coisas.
021 - Mas não suporto quem tenta me fazer de palhaço. Especialmente no trabalho.
022 - Toda manhã me fantasio de sério, pra ir trabalhar.
023 - Gosto do terno. Reclamo horrores, mas gosto.
024 - Já aceitei propostas que eu nem tinha certeza se poderia cumprir... mas sempre dei um jeito de cumprir TODAS.
025 - O que eu não sei fazer, aprendo. O que eu não aprendo, descubro quem faça.
026 - Sou uma negação com trabalhos manuais delicados, mas tenho boa coordenação.
027 -  Meus dedões dobram em ângulos e posições q deixam pessoas assustadas (e eu adoro).
028 - Odeio armas de fogo. Já passei horas com um revólver enfiado na boca, esperando os caras se convencerem q é preciso ser um idiota para se levar jóias e dólares pra uma casa de praia.
029 - Já apertei um gatilho contra uma pessoa, mas a arma estava descarregada.
030 - Sou extrovertido a níveis incomuns.
031 - Tem horas que eu deveria falar menos.
032 - Em qualquer lugar que chego, sou amigo de todo mundo em um raio de 20 metros à minha volta, em menos de 20 minutos.
033 - Tudo que eu fale sobre mim mesmo nesses 20 minutos é dúbio... todo o resto é real até demais.
034 - Já tentei gostar de cigarro.
035 - Gosto de fumar narguilé.
036 - Meu apetite funciona pra tudo, na vida.
037 - Cara de pau tbm vai longe, pra ajudar em certos apetites.
038 - Já fiz sexo a seis e foi interessante.
039 - Já fiz sexo a quatro e foi intenso.
040 - Já fiz sexo a três e foi épico.
041 - Já fiz sexo a dois e foi bom.
042 - Já fiz sexo a dois e foi ruim.
043 - Já fiz sexo a dois e foi ótimo.
044 - Já fiz sexo a dois e não estava lá, realmente.
045 - Já fiz sexo a dois e descobri que nunca tinha feito sexo, realmente.
046 - Sim, no meio disso teve tempo o suficiente pra me masturbar. Ah, adolescência! 
047 - Já fingi um orgasmo... e ela acreditou. (sei lá como! só sei q estava tão ruim assim...)
048 - Tenho PAVOR de qualquer DST.
049 - Tenho medo dos meus impulsos.
050 - Tenho ódio do meu orgulho, certas horas.
051 - Sou um retardado com pecinhas de Lego. É sério, brinco horrores, faço até onomatopéias com a boca.
052 - Adoro vídeo-game. NES, SNES, N64, GameCube, Wii... Yah, I´m Nintendo's bitch.
053 - Desde os 12 anos, adoro Role-Playing Games.
054 - Desde os 23 anos, comecei a ficar sem tanto tempo pra Role-Playing Games.
055 - Chamo meus pais de "doutor" e doutora", com mais naturalidade do que "pai" e "mãe".
056 - Não gosto de quase nada o que escrevo, 48 horas depois. Revisar é reescrever quase do zero.
057 - Tenho três textos publicados em coletâneas de novos autores.
058 - Já plantei uma árvore, estou escrevendo um livro e o filho eu posso fingir que crio o dos outros?
059 - Eu assistia Carrossel, no SBT, e quase chorava certas horas. Sempre achei o Jaime Palilo um gordinho fanfarrão demais. Assisto Chaves até hoje, ALGUM PROBLEMA?
060 - Não gosto de cachorros, adoro gatos, já tive uma tartaruga e um papagaio e tenho um felino, o Pooka.
061 - Gosto que todos os meus posts tenham pelo menos uma imagem:
neomancer
062 - A foto acima tem uns 6 anos e eu continuo com a mesma cara, só que mais magro.
063 - Eu tenho uma gaveta trancada, no armário, que um amigo apelidou de "O Albergue".
064 - Tenho altas fantasias com a Angelina Jolie... mas ela anda ficando magra demais.
065 - A primeira banda a mexer comigo foi Roxette. Eu acho q queria muito aprender inglês, só isso.
066 - Queen comanda, mas sem o Fredinho é mó fake.
067 - Respeito muito a Dra por ser uma excelente administradora sem nunca ter tido uma educação formal na área. Respeito muito o Dr por ser tão apaixonado pelo seu trabalho, ao ponto de estar quase se matando de tanto trabalhar. Tenho medo de me matar de trabalhar, embora goste muito. Ah, respeito muito o meu irmão pq ele tem um irmão muito foda!
068 - Sou modesto, juro... quando estou dormindo.
069 - Sou capitão da brigada de incêndio do prédio onde trabalho. Não, não sei onde o cara do treinamento estava com a cabeça.
070 - Decidi estudar Economia pq são eles os profetas da nova era e acho essa pretensão imensa muito foda. Sou desses que acham que a "mão invisível do mercado" é coisa de ficção científica, aliás.
071 - Desde criança eu crio altas explicações e teorias da conspiração tentando entender pq o chocolate Lollo virou Milkybar. Poderia fazer um meme desses só de coisas sobre o Lollo.
072 - Queria um exército de robôs gigantes sob meu comando, só pra tocar o zaralho por aí.
073 - Tinha uma aposta com um amigo de infância, em que o primeiro dos dois a dominar o mundo ganhava um dólar. Paguei a aposta no dia que o filho dele nasceu.
074 - Quando eu gosto de um filme, posso vê-lo quantas vezes der na telha, não enjôa.
075 - Mesmo q eu goste DEMAIS de um livro, não curto ficar relendo... a menos q seja O Senhor dos Anéis.
076 - Já trabalhei com assessoria de imprensa na área de eventos culturais e amava o serviço, mas odiava a compania.
077 - Eu já quebrei tantos ossos, tantas vezes, que cheguei a me acostumar com o gesso como parte do corpo, uma época.
078 - Não reconheço as cantadas que levo. Um fato. Sempre acho que é só uma gracinha inócua e ainda corro o risco de sair do lugar pensando "ah, se ela me desse bola".
079 - Talvez por esse motivo eu seja tão direto ao assunto, com essas coisas.
080 - Não sei sambar. Nem tento, q é trágico.
081 - Já quis ser médico, cientista, pipoqueiro e presidente. Mas nunca astronauta.
082 - Sou capricórnio, ascendente em câncer e lua em leão. Sou galo de metal para os chineses e Anúbis para os egípcios antigos. Pra quem acreditar, claro, q só existam 12 tipos de pessoas no mundo. :-D 
083 - Já sofri um bocado em minhas emoções, mas já me descuidei e fiz sofrerem, tbm. Estou quite com o mundo, mas sempre buscando mais.
084 - Se pudesse mudar qualquer coisa do meu passado, ficaria na mesma, com medo de perder quem eu sou hoje.
085 - Há meses só ligo a televisão pra ver se acho algum filme bacana passando... normalmente desligo em seguida.
086 - Cozinho pouca coisa, mas adoro tudo o q sei fazer.
087 - Meu maior e mais confesso vício é a cafeína. Tomo em média 800 mL de café, pela manhã. E adoro Red Bull.
088 - Sempre durmo sob o edredom. Ligo o ar condicionado bem frio, só pra isso.
089 - Minha temperatura corporal sobe anormalmente, quando estou relaxado ou dormindo.
090 - Bebo muita água, especialmente depois de certas atividades.
091 - Mesmo acima do peso, nunca tive problemas de pressão e meu sangue é perfeitamente saudável.
092 - Gosto de chocolate amargo. E quanto mais, melhor. Acredito na pesquisa, aliás, que disse que comer chocolate amargo, frios e fazer sexo uma vez ao dia, pelo menos, ajuda na memória.
093 - Bebo com moderação... pq quando extrapolo, é sempre bizarraço.
094 - Gosto de gente interessante. O padrão e banal do mundo me cansam rapidamente. Ninguém que se ache "normal" costuma prender minha atenção. Ficadúvida: quem é normal?
095 - Gente interessante de vez em quando sabe estraçalhar o seu coração e seus sonhos de maneiras antes impensáveis. Sim, esse é um fato sobre mim, tbm. Interprete como quiser, veja se eu ligo. ;-)
096 - Amo nadar e odeio não ter mais tempo pra ir a uma academia onde possa fazer isso, pelo menos três vezes na semana.
097 - Trabalho muito bem sob pressão.
098 - O ócio me irrita profundamente. Descanso é uma coisa necessária, mas ficar sem trabalhar por mais de um mês é coisa que me deprime.
099 - Eu sou melhor (em tudo, juro) quanto menos tempo eu tenho.
100 - Não suporto desrespeito gratuito, julgamentos apressados e preconceitos idiotas.
101 - Enquanto escrevia 101 coisas, pensei em mais de 500, com certeza. A maioria delas, inconfessável, nem todas tão divertidas e algumas até perigosas.
101 - Tenho problemas com convenções, especialmente as numéricas.
101 - Tem quem diga que eu não sei contar.
101 - A verdade é que eu só sei contar até 100.
101 - Se vc chegou tão longe, vc tem muita paciência ou gosta demais da vida alheia.
101 - Já que gosta tanto, estou apaixonado e tem horas que tenho medo disso. Mas amo demais, mesmo assim.
101 - Se vc não consegue ler isso, visite seu oftalmologista.
101 - "Essa viagem é realmente necessária?" *momento pica-pau*
102 - Peraê, são só 101 coisas!
103 - Xiiiiiii... isso aqui ganhou vida própria.
104 - Socoooooooorro!!!
105 - Injeção de Valium é o q há... calei as vozes. Boa tarde a todos.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Entrevista com o Troll *em uma TV rachada*

A Lais me passou uma maldição... digo... um meme novo, desses bem reveladores. Então decidi responder do meu jeito, pra variar. Curtam.

  • Nome: Addam. Mas meus pais me apelidaram de Marcelo, ao nascer.
  • Idade: Mental 14, emocional 8, mas testes de carbono dirão 26.
  • Local de nascimento: No interiorrrr.
  • Peso: Pesado.
  • Altura: Só sei q aqui em cima é frio.
  • Apelido de infância: Marcelo, já falei lá em cima.
  • Qual sua melhor qualidade: Transparência.
  • E qual seu maior defeito: Tão transparente q garçons não me vêem.
  • Qual a característica mais importante em um homem? Cromossomos XY.
  • E em uma mulher? Cromossomos XX.
  • Qual sua idéia de felicidade? Dinheiro, mulé e bicho de pé! (de q adianta a mulé se o bicho não ficar de pé?)
  • E o que seria a maior das tragédias? A Ana Maria Braga na capa da Playboy.
  • Quem você gostaria de ser se não fosse você mesmo? Alguém q eu ame.
  • E onde gostaria de viver? Plutão. ADORO frio!
  • Qual sua cor favorita? Verde-plutão. (e quem é vc pra dizer q NÃO é verde?)
  • E seu desenho animado? Ursinhos carinhosos. Adorava as crises existenciais do Malvado, dá licença?
  • Quais são seus escritores preferidos? Os da minha estante, ué.
  • E seus cantores e/ou grupos musicais? Ah, muita coisa... só fuçando meus MP3, com paciência.
  • O que te faz feliz instantaneamente? Música boa e pesada, q empolga e levanta a alma.
  • Quais dons você gostaria de possuir? Dons ou dotes? Xiiiiiii...
  • Quem é seu personagem de ficção favorito? Eu mesmo, segundo algumas pessoas.
  • Qual defeito é mais fácil perdoar? Os meus... todos. São tantos q é perdoá-los ou não levantar da cama.
  • Qual é o lema de sua vida? Carpe diem.
  • Qual sua maior extravagância? Ficar meia hora na frente do espelho ajeitando a barba.
  • Qual sua viagem preferida? Ácido. Huahahaha! Sei lá!
  • Se pudesse salvar apenas um objeto de um incêndio, qual seria? Eu sou capitão da brigada de incêndio, no trabalho. NADA se queimaria e tudo seria salvo!
  • Onde e quando foi mais feliz? Injusto pedir só um momento.
  • Qual sua ocupação favorita? Sexo. Ah, e narguilé. Quero a chance de misturar os dois...
  • Pensa em ter filhos? Se for metade do pentelho q eu fui, pago todos meus pecados... e olha q são MUITOS.
  • Um animal de estimação: Sim, tenho.
  • Uma atividade física: Sexo. Ou alguém esperava resposta diferente?
  • Um esporte: Sexo. Vai cansar de ler isso...
  • Um prato que sabe fazer: De papel machê. Nem argila rola.
  • Uma comida que gosta: A minha... faço pouco, mas o q faço mando benzão.
  • Uma invenção tecnológica sem a qual não vive: MP3 Player. PRECISO de trilha sonora, ué.
  • Gasta mais dinheiro com: Sexo. Motel. ;-)
  • Uma inabilidade: Sexo. Só pra não perder o hábito.
  • O que não faria em nome da vaidade? Sexo. Faço pelo ego.
  • Uma mania: Sexo. OK, OK, eu mudo. Morder... durante o sexo. ;-)
  • Uma saudade: Muitas, na verdade. Mas uma IMENSA, mais recentemente.
  • O primeiro beijo: Pode nem ter sido tão bom quanto o último, mas e daí?

Picapau

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Verbete I *dos compêndios médicos do Palácio*

amor [do Lat. amore]

substantivo masculino,
viva afeição que nos impele para o objecto dos nossos desejos;
inclinação da alma e do coração;
objecto da nossa afeição;
paixão;
afecto;

ant.,
com -: com muito gosto, com zelo;
fazer -: ter relações sexuais;

loc. prep.,
por - de: por causa de;
por - de Deus: por caridade;
ter - à pele: ser prudente, não arriscar a vida;

poesia,
Tola e sutil semente que faz-se flor ao coração, regada de sangue, pq assim é o amor. Planta q vem crescer e faz raízes em mim, q vem abraçar e nutrir o coração na fotossíntese insana daquele beijo em q roubamos o sol. Mas q arrancada, como se da terra rasgada, me doeria no vazio.

substantivo feminino,
doce veneno às veias do Troll


Misplaced Heart, de 'superkev no DeviantART.

domingo, 23 de novembro de 2008

Éden *cânticos ao portal*

O repouso, o descanso além das águas negras do Styx. Deito-me às planícies com a sensação de que posso realmente caminhar até o palácio de Kronos e o trono de Rhadamanthys. Vejo passar ante mim as imagens daqueles guerreiros levados pelo próprio Zeus, em tão imensa honraria. Gosto de fechar os olhos e abrir a mente, visitar o Elísio. Ao sangue pulsam memórias da antigüidade dos homens e de seus deuses esquecidos.

- Você está aqui.

Desperto do transe ao som dessa voz tão suave e percebo-me perdido com o olhar àquelas águas. A forma como vêm correr lânguidas após a explosão da cachoeira atrás de mim, o som que reverbera por todo o local, anunciando q a água não encontra barreiras e tenta voar. Gotas minúsculas que por vezes refrescam-me em brisa, pousando à pele. Os dedos dela me tocando os braços e me fazendo buscar-lhe os olhos, o castanho tão belo e vibrante, escuro, que vem em vagas levar-me por aquela alma e me puxar para o fundo.

- Nem acredito que você está aqui.

Como digo a ela que por alguns instantes eu não estive? Tudo aqui é tão estranhamente familiar, como se conhecesse tudo de sonhos. Esse lugar me buscou por quanto tempo? Certas memórias, pedaços de mim, se estendendo para tocar todo o local. A explosão das águas, a queda, a perda do potencial. Desbravar o ar, em desafio, e então se ver forçado a correr pelas entranhas do mundo, pelos sulcos da terra, tal qual serpente. Até encontrar o mar e tornar-se o leviatã que são Sammael e Lilith. A água não conhece liberdade. Lembro-me do bater contra a pedra.

- Reconhecendo algo?

Sim, muito... mais do que minhas palavras conseguem dizer a ela. Essa estranha sensação de sentir-me em casa, de crescer para abraçar o mundo. Uma força selvagem, indomada por homens ou anjos. Volúvel como apenas forças da natureza sabem ser. Volátil, como os sábios de outrora aprenderam a respeitar. O ser humano realmente aprendeu a domar a Criação e subestimar-lhe a força. O olhar desliza até a cachoeira uma vez mais, enquanto esse abraço se aperta entre nós, intenso e infecto de um sentimento grande demais para caber ao meu peito.

- Vou te mostrar onde ela realmente pulsa.

Palavras que trazem certa euforia, enquanto mergulho de volta àqueles castanhos tão fortes e perigosos. Os lábios não contendo mais a vontade de existirem junto aos dela, um beijo tão intenso que mesmo o céu cinzento quis deixar existir. Por esses instantes, o sol teimando em rasgar as nuvens e vir banhar-nos de luz. Uma bênção de nossas próprias forças, me fazendo crescer as asas. Desafiando o mundo, os homens, anjos e arcanjos, a virem tirar-me essa luz. Confronta a Estrela Matutina os caprichos dos outros primogênitos.

Meus olhos buscam-na em meio a esse devorar mútuo de lábios e um pedido sussurrado:

"Me ajuda a guardar o sol nesse beijo".

Perco-me. Jogado em delírios desse amor. Resgatado por seus braços. Vivo, na certeza de que o sangue ainda pulsa. Existindo no pulsar do mundo.

A ti. Essas palavras, como aquele momento. Todo poder, toda honra e toda glória.


Foto by poisongirl.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Peçonha *silvos ao pomar*

Gosto de maçãs.

Da mordida à casca, o cortar com os dentes, o sabor.
A boca deslizando pela textura, e ela desmancha.
O doce e envolvente aroma dessa fruta venenosa.
Preenche a boca, tocando a língua, perdição e prazer.

Meus lábios no fechar sobre a vermelha pele úmida.
Perdido em devorar promessa de puro pecado.
Os dedos, o firme toque, tomar pra mim o fruto.
A beleza, tantos tons que transparecem suculência.

Hoje, não sei que bruxa foi justo àquela maçã mexer.
Mas peçonha como aquela eu nunca havia provado.
Amaldiçoada a mordida, mas abençoado é o corpo.
Vem doce veneno, tomando as forças, a me derrubar.

O chão é frio, o mármore quer gelar-me até os ossos.
Caído, sinto a respiração falhar, o peito apertando.
Por aqueles instantes, tudo parece dor e eu grito.
Quando tudo que eu quero é só uma mordida a mais.

Gosto de maçãs.

Poison__by_punkredneck
Poison, de ~punkredneck, no deviantART

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Camadas *nos vazios salões do Palácio*

A máscara era belíssima. Toda cravejada em jóias, toda em metal nobre, polida, reluzente, só as pequenas ranhuras e os arranhões quase invisíveis que nem o cuidado minucioso saberia retirar, do dia-a-dia. Algo de uma presença palatável, uma máscara de olhares resolutos e retumbantes. E essa, em meio à dança, aqueles dedos delicados da moça tiraram com delicadeza. Ele precisaria dela, quando se despedissem, mas era o jeito dela pedir que não a usasse quando estivessem juntos.

Por baixo dela, a segunda era quase um choque estético, ante a anterior. O rosto de um oni guerreiro, as presas à mostra, o olhar ameaçador, demoníaco, os traços duros e angulares, toda a presença se tornava ameaça, ele poderia parecer prestes a saltar sobre a presa, a dança já havia até parado. E ali, frente a frente, ela fez reverência à furiosa besta e com as duas mãos e algum esforço, retirou-a, deixando repousar junto à primeira.

A terceira "face" sorria um tolo sorriso infantil, mas deixava escorrer uma lágrima por sobre a bochecha rosada e gorducha. Trazia toda a inocência de quem ainda sorria por sorrir, mas toda a resignação de ter que crescer. Os olhos nessa brilhavam com a explosão de um universo em expansão, um pequeno Big Bang que parecia poder contagiá-la. Quis ficar nela... quis deixar ele ali, daquela forma. Mas as mãos grandes tomaram as suas e levaram seus dedos até aquele elástico fino... e ela a tirou, com grande pesar.

Barro... a argila seca e cheia de ranhuras, a face contorcida em uma dor inominável, que gritava pelo salão e ensurdecia a ambos. Aquela feição escura, deixando soltar poeira, que parecia vir afastá-la. Caía ele de joelhos, sentindo o rosto arder como se em chamas, arranhando aquela testa com as unhas, querendo rasgar a cerâmica do tormento, e em meio ao desespero, tomou em mãos uma pedra. Uma, duas batidas, e as rachaduras aumentavam. Até que aquelas doces mãos tomaram seus pulsos. Pegando aquela pedra, jogando-a longe. E com a mesma delicadeza que lhe retiraram a primeira máscara, foram descascando o barro, revelando o homem.

E essa face contorcida ela escondeu...

Onde?

Ele não sabe.

Mas ela queria um beijo de pele, raro e verdadeiro.


O Grito, de Edvard Munch.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Silêncio... *passos pelo pântano*

E eis que correndo pela vida, tropeçou em uma pedra que não era bem pedra, mas com certeza era bem sólida. Teve de abrir as asas para não cair - sob o tolo e eterno medo de não mais se levantar - e o tropeço pareceu um salto. Virou-se para trás e não viu pedra, ou chão ou planta. Tropeçara, sim, no escudo de outrem, e dessa forma - pela primeira vez em muito tempo - parou pra olhar.

Perdeu o medo do chão ao perceber q só deitado nele conheceria a sombra daquele escudo e os olhos ali escondidos. Sim, o mundo parou pra ele... quis deixar ele olhar.

Leva os toques às asas, de mãos que ao chão conheciam o conforto da lama, como apenas crianças sabem reconhecer. Levanta, forte e novo, como só quem já lhe deu forças sabe q pode ser.

Bebeu do desafio, para banhar-se em sangue. Deixar verter o mundo pelas veias, uma vez mais. Na tola ambição que só este brilho aos olhos pode resguardar.

Desafia... sem gritos, brados ou lâminas erguidas. Desafia, só nas cores do olhar.

Fallen_Is_He_Who_Once_Soared
Fallen Is He Who Once Soared, de 'jezebel on deviantART.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

63g *vozes difusas*

Turbilhão...

A mente perdida entre tantas coisas, tantos momentos e sensações em que o corpo mergulhava, onde parecia que até a pele deixara de ser limite. Por vezes, eu certamente não era eu, ali. Mente levitando em asas, indo olhar tudo de fora, como se num sonho. Me perdia de mil formas, apenas para me reencontrar no instante seguinte, sentindo a volta para atrás de meus olhos.

Entendi pela primeira vez a expressão "corpos celestes", quando notei que tudo ali estava leve demais, flutuando, como se a cada momento o ponto de referência, cerne da relatividade, pudesse mudar ou transformar-se. Se nada há que una a matéria e essa exista apenas das relações entre forças, então naquele lugar haviam átomos grandiosos, acelerados, colidindo pelo espaço fechado.

E na conectividade que faz a matéria, éramos plenos de vazio. Existindo por pouco. E se a alma realmente pesa 21 gramas, ela não voa, mais leve que o ar. Era ali, estava todo o peso do trazer e viver de lembranças, dores, prazeres... todo o peso de um êxtase incessante, da vida que foge a essa medida tão simplória.

Mas no brilho dos meus elétrons, viu-se algo mais... tolo eu, não fechei os olhos.

 
Maelstrom, de ~ZephyrAnalea no deviantART.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Golden Years *de alguma televisão esquecida*

eu-1995

Sempre fui moleque com M de mala. Um fato. Armava das piores para testar meus limites e ver até onde me aturavam, e nossa, tem gente q merece palmas por ter me agüentado tanto. Mas enfim, me chamaram a falar da infância e por isso fico aqui, conjecturando que experiência compartilhar.

Estudei em colégio católico, fiz primeira comunhão e tudo, mas enfim, cresci acostumado aos mesmos lugares e rostos, inclusive ainda moro nesse bairro. Ando pela rua e, criança extrovertida que era, sempre tem alguém que olha pra minha cara e me cumprimenta, ou fala algo do tipo "nossa, te conheço de moleque, né?". Mas o que muita gente não sabe é que minhas memórias começaram em outro lugar.

Sinopi, Mato Grosso. Me lembro de barro, muito barro. Uma cidadezinha que, eu soube, há coisa de menos de 10 anos foi finalmente asfaltada. Também soube que já foi considerada a capital nacional do Motocross. Isso é quanto barro tinha lá! *rs* Mas de lá, me lembro de algumas das histórias mais bizarras, com certeza. Como a vez que chegava em casa, caindo a noite, no carro da Dra (vulgo: mãe) e ela comenta: "Nossa, olha que cachorro enorme tá revirando o nosso latão de lixo!" Quanta gente pode dizer que conheceu uma onça pintada, tão de pertinho? Ah, sim, e meu pai é procurado pelo Ibama. Ou ao menos deveria. Que eu saiba, atropelar um tamanduá bandeira é crime ambiental. Hahahahahahahahaha!

Mas tá bom, tá bom, eu tenho q escolher UMA história, né? Então vou pular de volta já pros tempos de Rio. Sempre adorei meus amigos, todos. Muita gente de colégio eu encontro até hoje, é ótimo - e um dos motivos porque o apelido "Addam" perdura -, mas não dá pra esquecer de todas as festas da escola, os encontros insanos, as madrugadas viradas e as viagens doidas. Fugir da aula pra nos trancarmos na sala de judô do colégio, tirar os sapatos e ficar zoando e rolando pelos tatames. Finais de semana inteiros lá em casa, só jogando vídeo-game (SuperNES comanda até hoje, valew?) e falando besteiras. A adolescência de viradas em "verdade ou conseqüência" e, impossível esquecer, as noitadas de RPG que infernizavam meus pais, com um bando de gente se empolgando na sala, rolando dados e rabiscando fichas.

Ah, quer saber? Não tenho uma história, específica. Dedico esse post a todo mundo que acrescentou alguma peça ao Lego que foi minha infância. E quero me desfazer de meus livros de RPG e vídeo-games antigos... mas sabe q aperta o peito, tentar?

Postei isso aqui a convite da linda Nanda, que sempre vem me dar um abraço cá pelo Palácio. Não vou convidar cinco pessoas pra fazer isso, pq eu mesmo gosto só de responder aos memes q curto. Então quem gostou, fique à vontade e me avise se o tiver feito.

Existem algumas regrinhas para este meme.
Peço o favor que todos a sigam. São elas:
1. Colocar o(a) link de quem o convidou;
2. Escrever um texto sobre lembranças da infância;
3. Postar o selo do meme dentro do artigo;
4. Se possível, colocar uma foto de quando era criança ou adolescente;
5. Chamar cinco amigos para brincar com você.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Inércia. *dos aposentos do Rei*

Tentei acordar, eu juro... fiz de tudo para lembrar-me que o despertador tocava por um motivo, mas esqueci qual ele seria e ali fiquei, sem abrir os olhos nem pra ver o teto. O corpo e as pálpebras tão pesados que bem podia ter tudo desabado em cima de mim. E eu nem ligando. Tentei acordar porque do lado de fora as coisas já se moviam, e eu cá parado.

Pensei se eu podia apelar, sabe? Segundo a relatividade, para todo o resto eu me movia e a inação era deles. Dormir em movimento, só puxar o edredom de volta e ficar ali, quietinho, me deixando ser arremessado pelo espaço, na velocidade absurda q sempre estive em relação ao sol. Fugir dele, aliás. Quero a noite, fria, escura e confortável. Quero mais motivos pra me esquentar, não suar por aí, dentro de um terno pesado, sob os grilhões de relógios de pulso.

E pensei... por alguns minutos pensei. O dedo no botão que desligara o apito irritante. Havia motivos... não um, mas vários. O mundo lá fora é o de um sol cheio de promessas, muitas vãs e tantas tolas, mas algumas interessantes. E foi quando ficar parado começou a me irritar, profundamente. Não sei do que quis fugir, a cama tão confortável e quentinha... mas vazia. Nem o gato ficara deitado, ali, já queria mais da vida. Me olhava, de perto da porta, prestes a miar por mais. Mais comida, mais água, sempre algo mais.

Então quem sou eu, pra aceitar menos?

DSC01853

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Cafeína *risadas dos macacos de terno*

Acordo todo dia como quem está na beira da plataforma do metrô, vendo toda aquela gente passar quase voando, dentro das janelas, nos carros. Eu ali, lerdo e ainda tentando me soltar das teias do sono, esfregando a cara como quem teima em não ir lavar o rosto, ainda. Tem manhãs que dá vontade de ver todos os trens passarem, ao longo do dia, até que não sobre nenhum e só me reste voltar a deitar nos bancos e dormir mais.

O primeiro esforço é sempre vencer a inércia. Um corpo parado quer permanecer parado, afinal. Mas já me ensinou meu ortopedista: “você se espreguiça, alonga bem, ergue os joelhos, vira o corpo de lado, ergue o tronco e toca o chão com os pés. Aí levanta.” No erguer dos joelhos, já estou revendo tudo que pode dar errado no meu dia e tentando fazer planos de contenção. No erguer do tronco, já pensei em cinco saídas para cada uma dessas possíveis falhas. Tocar o chão que é duro. Sentir que a madrugada congelou o mundo inteiro, menos a minha cama, quentinha e confortável. Mas levanto mesmo assim.

É quando abro a porta e pego o jornal de cima do capacho que eu saco o primeiro trem passar batido, na minha frente. A primeira sensação de que eu acelero ou fico pra trás. Abrir a janela da sala pra deixar o sol entrar também não ajuda muito, mas ao menos me faz notar que tem mais gente na plataforma, comigo, ainda. Na varanda da frente, o guri sempre já de uniforme, brincando com uma bola, enquanto a empregada corre atrás do irmão dele, que teima em não colocar as meias. Uma idade em que nunca se está só no trem nem apenas fora dele. Tudo tem o mesmo ritmo. E o vento pela janela me faz lembrar que ainda não descongelei o mundo que a madrugada me roubou.

Hoje em dia já não ligo mais a televisão, de manhã. O barulho dela parece que invade o meu silêncio, incômodo e tolo. Já me basta toda a retórica de medo e reverência que invade a minha casa nas linhas do jornal. Pouca coisa realmente importante deve ter acontecido, desde a impressão daquelas folhas. De qualquer maneira, tem horas que ligar a tv é pior que abrir a geladeira. Calafrios mil, da pele até os ossos. Do papel, eu escolho mais facilmente o que quero ler e sofrer. O banho ajuda um pouco. Esquenta a pele, mas não a alma, é só um relaxamento e mais um passo para saber que não dá mais pra deitar e dormir. Ouço cada vez mais e mais trens passando, enquanto a noite escorre aos meus pés, esvaindo-se pela plataforma. Arrumar-me é tornar-me, também, parte desse frio, mas ao menos o terno cai bem.

A verdade é que só tem uma coisa para realmente aquecer-me. Meu único, terrível e confesso vício apita, no som da cafeteira. Os lábios indo provar da caneca fumegante, enquanto dobro os joelhos e me inclino à frente. O próximo trem é o meu.


Caffeine Fix, by 'Davenit on deviantART.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Descobertas... *do diário do Andarilho*

Se em meio a um mundo de descobertas, dois se descobrem um e um se descobre nulo, o que resta dessa vida se nada é o indivíduo e tudo é o outro?  Nessa indefinição do ser, busquei um dia descobrir-me em outros olhos e encontrar algo que jamais perdi. Naqueles olhares só haviam máscaras... quem eu sou sempre esteve só comigo.

Empresta-me os seus olhos e esqueça do brilho aos meus. Ele ofusca e é por um motivo. Não me descubra neles, exceto nos momentos que a fome não os inflame. Na besta domada, ainda indócil, está o que procura. Pode fazê-lo?

Decifra-me ou te devoro.

Varanasi_Seduction_by_jollyjack

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Queda *nas palavras do avatar*

E eu me deixo derrubar. O golpe era forte demais e a ele ergui o peito. Quebraria-me os braços, se fizesse diferente. O ser berrava e grunhia, como se fosse aquele acerto a derradeira vitória. Falhara em perceber meu olhar e por onde desviava-se. Os olhos sempre dizem para onde a lâmina vai. O impacto ao chão é dolorido, mas em nada prejudica o gosto do sangue que agora jorra das entranhas da Besta. Não, nem minhas asas imponentes puderam deter aquela queda. E ali, estatelado ao chão, sinto a chuva escarlate, que em nada me esfria o corpo. O ser gigantesco tomba, não na dor q me toma as omoplatas, mas no frígido silêncio da morte.

Sorrio. Manchado e úmido daquela vitória, sem ousar ainda me levantar. Não busco forças para mais do que trazer a espada para junto do corpo. A lâmina agora fria tocando a pele sobre o abdômen, me ajudando a conter a temperatura. Respiro fundo, sinto o tórax doer e a força de uma tosse seca tomar-me os pulmões. Mas ainda sorrio, na certeza de q eu me levantarei. Meus inimigos não.

À outra mão, fechada, ainda repousa a minha alma, sangrando... mas forte. Calejando-se do mundo, cicatrizando o tempo.

NewRoseBlood-2

terça-feira, 21 de outubro de 2008

367 *sussurram Rei e Andarilho*

Faz bem pouco mais de um ano... tudo mudava. Mergulhado em descobertas e sandices, jogava-me rumo a asas negras. Há um ano e um dia, eu te dava uma rosa, olhando-te nos olhos. Tu sorrias da forma mais verdadeira que eu já tivera visto e me abraçava com uma felicidade genuína que poucos braços até hoje me mostraram. Como daquela vez, agora eu apenas sorrio e me calo, sabendo que palavra alguma fará jus a todos esses dias.

O mundo nos deu outros rumos, mas não nos deixará nos esquecermos um do outro. Feliz aniversário, anjo. Se algo de uma dádiva passa de mim para você, neste dia, que seja um décimo da felicidade que me haja dado. E verá que nem as maiores asas podem conter certas lembranças.

Angel_by_SATTISH

God save the Queen.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Beija-flor *murmúrios do jardim dos sátiros*

"Pétalas de rosa". Era meio tarde para aquela constatação, mas enfim eu conseguia definir-lhe os lábios. Teria sido a melhor coisa a sussurrar logo depois do primeiro, até do segundo beijo. Mas a mente só havia chegado lá após tantos outros. Pareceria forçado, então deixei a imagem morrer em minha mente e simplesmente continuei aquele abraço tão delongado.

"Você está de blusa lilás". O melhor, imbatível, foi a expressão dela, reagindo àquela frase, ainda no celular. De alguma forma, eu havia ido em desvantagem estratégica. Sem fotos, sem sequer uma descrição esforçada, para buscar em meio à multidão. Ela tinha visto fotos, conhecia meus olhos e aquele sorriso 'marromenos' das típicas fotos forçadas. E no entanto lá estava, caminhando com toda a urgência de encontrar algo em volta, sentindo-se acuada em ser reconhecida. "OK, cadê você?"

Agora, aquele momento parecia distante o suficiente para ter fugido mesmo à memória recente. Os dois nos havíamos sentado ao restaurante e concordado em um ponto interessante: não havia fome. Ao menos por nada do cardápio. Aqueles olhos me diziam tudo o que precisavam, em meio a uma conversa até meio tolinha, mais com jeito de passatempo do que para dizer qualquer coisa realmente sagaz ou impressionante. As cantadas vinham em farpas de significados, dos dois lados e sobre a mesa decantava a ladainha de quem sente que poderia estar usando melhor seu tempo. Goles do refrigerante ajudavam a descer um pouco toda a ansiedade entalada à garganta.

Quanto tempo se havia passado? Perdido naqueles momentos, eu comecei a esquecer de olhar o relógio à tela do celular. Meus olhos se ocupavam em muito mais. Percorriam aquela pele em carícias, sentiam o pescoço macio arrepiando-se, tocando-o como se fossem meus lábios, deslizando para os cabelos, como dedos. Podia ouvi-la suspirar, enquanto essas carícias olhavam-na aos ombros, em breves lambidas e mordidas mais lascivas. Os braços, o entrelaçar de dedos, aquele colo com jeito tão acolhedor. Mas deixei o olhar demorar-se em acariciar aqueles seios. Ela notava e sorria, com jeito de safada, ajeitava o decote como se convidasse a me perder ali. Podia sentir o quanto e como eu a tocava, mesmo em meio ao local tão cheio e os dois ainda tão vestidos. Ruborizava, mais porque era uma reação graciosa e provocante do que por vergonha. Aquele colo... as coxas pressionando firmes contra a calça, marcadas, cheias de promessas escondidas. Eu poderia tomá-la com o olhar, mas fora roubado em meus instintos, para um novo beijo, tão intenso que por um breve momento deixei a mão brincar como os olhos e arrancar suspiros mais intensos e um rubor genuíno.

Aquele olhar, no entanto, certamente jamais faria jus ao desejo que agora meus dedos expressavam. A chegada ao quarto, tão afoita, os beijos perderam quaisquer travas e agora explodiam aos lábios, em mordidas, lambidas e deslizares. Escapavam às bordas dos lábios, como se um prestes a devorar o outro, enquanto os dedos percorriam aquela pele macia, já insinuando-se por sob as roupas, no rompante de arrancá-las e expor-lhe a pele. Os seios fartos deixando de decorar o vão da blusa para sentir as carícias tão firmes, os dedos em toques e apertos e os lábios mais que suspiros. Jogando-a por sobre a cama, deixo-me percorrê-la toda, agora nua, e sinto aquele corpo entregue como minha presa... os lábios e a língua já apressados, indo juntar-se aos dedos que a sentem por completo. Aquele calor, a umidade, e o aroma de sexo me inebria. Meus lábios melando-se como os de criança que se refestela em doces. A boca sente aquele outro toque, ainda mais macio que antes e agora repleto de orvalho. O sorriso matreiro desponta e olho-a.

- Pétalas de rosa. - e ela sabia, de meu sorriso, que nada seria mais delicioso que violar a beleza daquela flor. E me olhava, vadia, implorando para ser despetalada.

Blood_Rose

domingo, 19 de outubro de 2008

Mestres do universo *ao redor da fogueira*

Recebi no S2 Engine a proposta para colocar aqui um meme em homenagem ao Dia do Mestre (que já passou), e gostei da idéia. A coisa é falar dos Mestres da sua vida. Vamos ver...

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1. Meus Mestres na Música
Bom, impossível começar esse sem falar da grande (e pacientíssima) Glorinha, minha professora de teclado que, dizem, conseguiu extrair alguma gota de talento de meus dedos, sobre aquelas teclas. Em seguida temos outro santo paciente, Professor Marcos, que passou três anos me aturando em suas aulas de teoria musical. Eu gostava muito, verdade seja dita.  No entanto, digo e repito que nasci sem qualquer iota artística em minhas veias. Das artes plásticas à música, eu não passo de mero apreciador.

Passando de quem efetivamente me ensinou a quem muito me influenciou, são outros 500. Minha vida SEMPRE teve trilha sonora. Não adianta tentar enumerar tudo, perdição isso. Mas o que me vem à mente: Roxette, Queen, Skid Row, Guns, Iron, Metallica, U2, Apoptygma Berzerk, KoRn, Rammstein, SOAD, Disturbed, Emilie Simon, Enya  (sim, Enya, senhoras e senhores), Era, Ayreon e muita coisa...


2. Meus Mestres de Relacionamento
OK, esse é algo delicado... há UMA pessoa que passou batida pela minha vida, alguém que realmente só foi um fator de influência por uma noite e meia manhã, mas fez toda a diferença. Não quero dar nomes, sinceramente, pois nem acho q precise disso, para a relevância deste meme. Mas foi uma pessoa que me surpreendeu em um momento definitivo, com uma frase que marcou-me profundamente: "Pq vc está cobrando do mundo que veja em vc algo que vc mesmo não vê? Não acha injusto, isso?" Quem me acha super-confiante ou meio egocêntrico, agora conhece de onde veio.

Bem, ir muito além disso é mergulhar no excessivamente subjetivo, mas meus outros Mestres nesse âmbito foram aquelas mulheres que de alguma forma me machucaram e realmente marcaram. Pessoas que me ensinaram a me resguardar um pouco mais, que deram aquela calejada no peito. Obrigado a vocês.


3. Meus Mestres Intelectuais
Aqui o bicho pega. São muitos e adoro a todos, realmente, ainda que alguns nem saibam disso. Mas o primeiro a realmente me fazer ter fome de conhecimento e muito mais foi uma professora santa que conseguiu aturar minha hiper-atividade até mais que meus pais, a grande tia Leninha, que me focou em devorar livros, já na segunda série. Dela, parto direto para um cara que eu odiei por um ano, antes de perceber as verdades em suas palavras: Uwe Barcellos, grande! Como todos os poderosos gênios, a vida te colocou provações grandes demais, mas onde quer que estejas, não me esquecerei dos esporros monumentais e massacrantes.
O próximo da lista precisa ser ninguém menos que Lenivaldo Gomes, professor de Teoria da Imagem, na faculdade. Um outro homem genial, de uma simplicidade tão marcante quanto sua inteligência. Ainda da mesma época, como deixar pra trás Marcia Guarischi Cortes, professora de fotografia que eternamente me deverá aquele aprofundamento em fotografia abstrata. *rs* Altos papos na banca de jornal, madrugando antes da aula. Lição de vida em pessoa. Por último, professor Bernardo, de marketing. Um homem que assume sua missão ao ponto tal que todo sábado recepciona grupos de alunos em casa, para suas aulas mais importantes. Salve, grande!

Saindo das aulas para os livros, vamos a quem realmente fez algo por mim, em páginas e linhas, sem qualquer ordem específica (conforme vou lembrando): Machado de Assis, Veríssimo, Umberto Eco, Julio Verne, Rolland Barthes, Michel Foucault, Edgar Allan Poe, J.R.R. Tolkien, Neil Gaiman, Theodore Levitt, H.P. Lovecraft, Erving Goffman, Maquiavel, Hobbes, Shakespeare... com certeza esqueci uma porrada.


4. Meus Mestres Espirituais
Delicado... mas já parou pra olhar em volta e realmente abrir os olhos pro mundo? Acho que meus melhores mestres espirituais sempre foram a observação e a auto-crítica.

Muitos da resposta 3 também caberiam aqui.


5. Grão-Mestre
No sentido que se aprende tanto pela dor quanto pela experiência alheia, acho que preciso citar aqui os doutores. Meus pais. Apesar de todos os pesares e de tamanha instabilidade já antiga, não posso negar o quanto se esforçaram em me ensinar, de todas as formas. Não vejo escolha mais nobre que a de se arriscar em criar um outro ser humano. Fui e sou difícil, mas isso é papo para outros momentos.

Em um sentido totalmente inverso, também cito meus impulsos. O abandono a eles já me levou a tanto do melhor e do pior que gosto de crer que meus instintos me trouxeram longe, para esses poucos 26 anos.


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Como sempre, não pretendo repassar o meme a ninguém, quem curtiu, faça e depois me avise aqui, q vou adorar ler.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Pulso *escorrendo pela mesa*

É de vez em quando que se torna insuportável. Essa vontade, esse desejo fica tão palpável que começa a correr-me as veias, feito líquido grosso que o corpo faz pulsar. Desejo vermelho, ferroso, arrebatador, que faz-me o peito doer. Não posso deixá-lo parar, mas pulsá-lo por mim é cada vez mais difícil, sinto isso nas entranhas. Pelamordedeus, sinto-o querendo parar e não mais suporto o corpo tremendo em estranhas ânsias. É quando algum sentimento toma tanta força q vira substância, algum pensamento decide correr por sob a pele.

Desesperado, sinto a morte querendo vir, por um coágulo das idéias. Forte demais para o coração manter tudo fluindo. Pego a caneta e cravo-a ao pulso. Deixo tudo jorrar, vermelho e grosso, sobre o papel. A mente aliviando-se naquele suicídio de minha sanidade. Letras... palavras... eu sangro tudo o que os lábios não poderiam ousar falar. Me esvaio em amor e ódio, desejo, medo e delírio. Espalho meus sonhos em quantas páginas couberem.

A luz da vela bruxuleia... do lado de fora, traz-me luz a lua cheia. E desmaio em meio ao último delírio. A tinta pulsando o oxigênio, por meu corpo.

A_peek_into_the_abiss____by_addammgl 

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PS: A fotomanipulação é cortesia da Lekkerding, o olho é meu. Adorei, caríssima, obrigado.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Justiça *dos profundos abismos aberrantes*

Como ela poderia saber?

Sentia a textura da madeira antiga sob os dedos, deslizando-os pela escrivaninha robusta e escura. O rosto de feições frágeis e compleição pálida, parcamente iluminado pela chama bruxuleante da vela que já teimava em não apagar. Há quanto tempo se havia deitado sobre a mesa, naquele canto escuro do ostentoso castelo? O vento que vinha do oceano não podia acariciar-lhe os cabelos louros e de curtos cachos, ainda que insistisse contra as janelas fechadas. O mar, que lhe salpicara o rosto de sardas, ao nascer, agora batia teimoso no rochedo ao topo do qual a construção se erigia.

Ela podia sentir que tudo tentava alcançá-la, vindo de fora, mas naquela noite não cederia ao impulso de escancarar as janelas e sentir a brisa salgada. Seus dedos delicados ainda sujos da tinta, a ponta da pena manchando uma borda do papel e a carta escrita às pressas. A caligrafia, sempre tão bela e fina, ali tremida e irregular.

- Eu... não sabia... não... sabia...

As palavras saíam em um balbuciar quase catatônico, enquanto seus olhos arregalados fitavam as sombras ao redor. Desde o incidente, as noites no castelo se haviam tornado solitárias e agressivas. Ela podia sentir o momento que se aproximava, ouvia os corredores sussurrando em algum dialeto antigo, as pedras ressonavam uma sinfonia canhestra. Mas não aquela noite. O lugar se deitara silencioso, junto com o sol, e ela sabia o que isso significava. Por isso a carta. Quisera explicar a alguém o que ocorrera, mas a meio caminho do papel decidira apenas tentar desculpar-se com ele.

"Eu não imaginara que pudesses ser um anjo, meu Micah. Desculpa esta tua tola, onde o tenhas enviado, mas não deixai que o destino seja negro. Nada sabia, nada sei... que preço tôrpe pagarei, ó meu amado, pelo sangue de teu peito cascateando em meus seios? Pela lâmina que lhe atravessei no espanto, sob a imponência de tuas asas? Que alguém tenha piedade de minh'alma, amado, pois quis crer que não haveria horror maior que o de privar o mundo de teu sorriso. Meus sonhos. Por Deus, quando meus sonhos me mostram o que fiz. E que horror antigo será meu carrasco! É o teu sangue, ele não sai das paredes nem da cama! Ele me cobre toda noite, na lascívia daqueles nossos últimos momentos. Em momentos de um prazer insano, como punição por meu crime. Micah, perdoa-me. Eu nunca soube..."

As lágrimas molhavam o papel, a dor era imensurável. Àquela última releitura, o Carrasco lhe adentrara o quarto, tão silencioso quanto ela sabia que seria. Um horror amorfo que deslizava pelo chão, centímetro a centímetro, e agora levantara-se por trás dela, como um lençol pulsante indefinível de olhos, presas pontiagudas e garras. O abraço a dilacerava e não deixara-lhe forças sequer para gemer de dor... apenas lágrimas, enquanto sentia o romper da pele, de músculos e a carne deslizar pelos próprios ossos.

Até ali, ela quis crer que dor alguma superaria a daquela perda. Sentia-se tola, imersa no frio de ter todo o sangue sugado de seu corpo, devorada por aquele ser horrendo. Mas viveu o bastante para ver surgir, do topo daquela massa inominável, o mesmo par de asas de que se recordava de ter visto, às costas dele. E esvaiu-se de vida, sentindo-se a mais ingrata das mulheres. Sua mão, indefinível entre osso, pele e carne, amassando a carta, no gesto derradeiro.

Como ela poderia saber? Perdida na estúpida visão do tão somente óbvio.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Catarse *gritam os bufões do Palácio*

E pelo tremor, através das planícies, vi
acordava então o avatar de todo caos.
Força antiga, furiosa, levantando em chamas,
desordenados urros, de vidas que nem sei.
.
E a ira me queima as narinas, em negra febre.
.
Que sandice vem e me ergue, qual fera mítica?
Que vida será que eu estou vivendo agora?
De qual conto de terror saí, herói sem esperança?
De onde sopram trombetas, nessa trilha canhestra?
.
E a ira me arde os olhos, em rubra peste.
.
De quem é este sangue em minhas mãos?
Só me lembro dos dedos rasgando a carne,
o quebrar dos ossos e o ceder da fina pele.
De quem são as entranhas, caídas pelo chão?
.
E a ira me nubla a mente, em verde praga.
.
E de todas as perguntas, uma tola certeza.
E dela, e nela, eu me ergo, o invencível.
E ainda sou eu, mais que insano, mais que altivo.
E sempre serei homem, criança, guardião e besta.
.
E a ira me abre o peito, em alva panacéia.
.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Yeats *em sussurros no rio do tempo*

HE WISHES FOR THE CLOTHS OF HEAVEN
By W.B. YEATS (1865-1959)

Had I the heaven's embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half-light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread lightly because you tread on my dreams.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

haiku I *another brick in the wall*

love to hurt
nowhere to hide
you love to be mine

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Rei sonâmbulo *sussurra o Andarilho*

Seguindo passos demonstrados em outro canto da blogosfera, rende-se este Andarilho à curiosidade de descobrir um pouco mais sobre o que os antigos falariam do Rei Troll. O que supõe o horóscopo egípcio?


Anubis, by *GENZOMAN on deviantART.


ANÚBIS

O deus com cabeça de chacal, o guia dos mortos, o mediador entre o céu e a Terra, temido pela sua frieza e severidade do seu juízo. As pessoas que nasceram sob sua protecção têm grande força de vontade, paciência e inteligência aguda. Essas pessoas sabem conduzir o seu destino, tornando-se pessoas de sucesso em qualquer sector, porém este demora a chegar, porque Anúbis é o senhor do tempo e retarda as conquistas. Embora sejam fiéis, têm excesso de ambição e exagerado orgulho que, às vezes, os torna egocêntricos e pouco modestos.


O Rei grunhe... os Antigos nunca chegaram tão perto de desenhá-lo, quanto nestas palavras.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Mais dos tambores do Palácio *sussurram sombras*

A barda, caríssima, repassou-me um meme do tipo q ela sabe q eu respondo, pq fala de música. Mas aviso logo que não curto correntes, por isso não o repasso adiante.

A idéia é enumerar 7 músicas que sempre ouço, então fujo aqui do q necessariamente esteja tocando pelo Palácio, para resguardar a novidade do meme em si. Algumas podem ser encontradas, navegando pela trilha sonora de cá. As que não estiverem tocando, possivelmente não combinam com o clima de dentro destas muralhas.

-> Ayreon - Across the Rainbow Bridge

-> Dee Joy - Trust me

-> Disturbed - Forsaken

-> Cake - Short skirt, long jacket

-> Incubus - Anna Molly

-> Rammstein - Mein herz brennt

-> Roxette - Fingertips

Sete músicas certamente é muito pouco. Meu repertório obrigatório, a trilha sonora da vida do Troll, é extenso demais. *rs*

Quem ler e achar divertido, sinta-se convidado a responder e me avise nos comentários. Certamente adorarei lê-lo.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Brasões *na tapeçaria às paredes*

PRÊMIO DARDO
Reconhecer os valores que cada blogueiro mostra a cada dia, seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. Em suma, demonstra sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras.

À tão querida barda, Tyr, todos os louros pelo prêmio que tu mesma me destes. Sabes que há parte de mim q só foi despertada de longo adormecer pelas tuas palavras. Te serei sempre grato, tu entendes bem.


Passo este selo adiante, para quatro blogs que realmente me fazem pensar:
- Mente Fantasia
- Reticências...
- Sabe de uma coisa?
- uivos no cio

sábado, 13 de setembro de 2008

Em nome de Quem...? *sussurros às sombras*

Blasfemo... de tudo o que já me chamaram e costumam me chamar, é o que mais gosto. Normalmente, eu me lixo pra tudo o que dizem em tom de ofensa. Mas isso não me ofende. Pelo contrário. Gosto de pensar que há blasfêmia até em acender essa merda de cigarro na minha mão. Se meu corpo é meu templo, então acho que ando blasfemando até contra mim.

Dizem que é um pecado eterno, sem qualquer chance de perdão, falar Dele e da Sua igreja com todo o desdém que historicamente merecem. Mas caminho pela belíssima Criação, enquanto se corrói e apodrece, e cada vez mais me convenço que o Velho fez cagada. Mas mais ainda, que isso só foi ruim pra Ele. O Livro me condena à morte, por dizer isso assim. Estou esperando que a Palavra venha me tomar a vida, a qualquer momento. O peito tá aqui, aberto... cheio da mesma fumaça que eu trago pra ver se a satisfação é realmente tão condenável.

Mas às vezes vejo as sombras. Vejo a noite e tudo o que ela envolve de tão canhestro ou tão belo. Todos os sutis prazeres da carne e da mente, escondidos nos cantos do mundo. Se a Criação é Dele, realmente, para quê crer que os sentidos humanos levam à perdição? Há muito pouco de tão belo quanto a sinfonia do tato, a imersão em sensações. ESSA deveria ser considerada a Sua maior obra, Pai. Tudo o que faz da vida algo pulsante... que arranca uma gota a mais que seja, do mundo.

Eu não posso concordar com a igreja dos apóstolos do Filho, que faz questão de condenar tudo o que é belo e relegar tais coisas ao ordinário e vulgar. O ocidentalismo que faz questão de arrancar das coisas todo o seu valor, rotulando o que é ou não é. O que pode ou não pode.

Que se fôda, sinceramente... nada como um beijo roubado, no escuro, contra a grade de um prédio qualquer... momentos em que só roupas, mesmo, para conter certos ímpetos da carne. O exibicionismo contra as leis de um Estado... cristão ou não.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Utilidade Pública *campanha de rádio*

fighting-ninjas-poster

COMBATENDO NINJAS - FÁCIL

1. Evite Ninjas, pra começo de conversa.
Pergunte-se - por quê Ninjas escolheram sua compania? Você fez algo para ofender um general poderoso? Responda a esta pergunta e você estará pronto, na próxima vez.

2. Use seu telefone (para chamar ajuda).
Ninjas são perigosos, ninguém vai julgá-lo por chamar ajuda. Reforços de filiais, mesmo o pessoal de carga e descarga, pode fazer a diferença, em um ataque Ninja.

3. Use as plantas do escritório como armas.
Aquelas palmeirinhas empoeiradas ao seu redor podem parecer inofensivas, mas na verdade são armas formidáveis. Use as folhas como espetos; mire nos pontos sensíveis. Um cactus é muito útil para a empreitada anti-Ninja. Arremesse-os, vaso e tudo, como  se fossem granadas.

4. Use seu quadro de avisos como escudo.
Ninjas adoram arremessar estrelas, chamadas shuriken. Elas são afiadas, pontudas e quando jogadas cravam fundo e machucam um bocado. Pegue o quadro de avisos mais próximo e use como escudo. Sim, vai arruinar o quadro, mas vc pode explicar depois.

5. Arrume uma arma, qualquer arma.
Ninjas são perigosos. No ambiente de um escritório, entretanto, suas habilidades Ninja não são tão vantajosas. Use o que estiver à mão e os pegue de surpresa. Jogar café quente em um Ninja vai lhe chamar a atenção. Ou simplesmente jogue sua cesta de lixo na cabeça dele - debilitante e humilhante.